“Mapas para as Estrelas”- “Maps to the Stars”,Canadá,
Estados Unidos, França, Alemanha, 2014
Direção: David Cronenberg
Narcisismos exacerbados, horror à idade, auto-medicação
com drogas legais e abuso das ilegais, bebida demais, falta de disciplina,
auto-engano, sexo como moeda de troca, desrespeito aberrante com os outros. Tem
tudo isso em “Mapas para as Estrelas”.
O que pode acontecer quando muitos querem o mesmo
espaço, que é reduzido, exigem o que desejam e usam de artimanhas perversas para
derrubar competidores?
O cenário é bem contemporâneo e combina com o daqueles
que disputam o poder, em todas as áreas onde se briga por
ele.
Então David Cronenberg não fala só de Hollywood em “Mapas
para as Estrelas”? Não, porque a fábula “dark” que ele conta, se ajusta a muitas
arenas frequentadas pela natureza humana. Extrapola o mundo do cinema. E, por
isso, merece a nossa atenção redobrada.
Claro que a linguagem usada é a da ironia, forçando nas
tintas e transformando tudo em ópera.
A história envolve Agatha (Mia Wasikowska), uma garota
psicopata que chega a Los Angeles procurando algo. Parece que é aquele mapa que
mostra onde moram os astros do cinema. Mas, não se enganem. Ela sabe muito bem
onde estão aqueles que procura.
E vai atrás.
Carrie Fisher (filha de Debbie Reynolds, que interpreta
a si mesma), ficou amiga de Agatha no Facebook e vai colocá-la como assistente
de Havana (Julianne Moore, maravilhosa), atriz decadente, obcecada em superar a
mãe, que também era atriz e morrera ainda jovem, num
incêndio.
O fogo também marcou Agatha na face e no corpo, num
acidente na juventude. Ela usa compridas luvas negras e meias e botas que
escondem essas cicatrizes. Ninguém imagina o que ela está
tramando.
Havana, que está paranóica, drogada com remédios fortes,
tem delírios com a figura da mãe, que aparece para ela em todos os lugares,
maldizendo-a. Alucinada, ela consegue o papel que foi da mãe, numa refilmagem,
às custas de uma tragédia.
Enquanto isso, Agatha, sua assistente, aproxima-se da
execução de seu plano macabro. A auto-destruição ronda aquelas
duas.
No fim, sobra pouco. A Cidade dos Anjos só tem decepção
e morte para oferecer a quem deseja o impossível.
Julianne Moore foi escolhida como a melhor atriz do
Festival de Cannes 2014, por sua interpretação no filme de Cronenberg. Aliás,
ela é a estrela do momento, já que ganhou todos os prêmios da estação, incluindo
o Oscar e o Globo de Ouro, no qual obteve dupla indicação por “Mapas para as
Estrelas”e “Para Sempre Alice”.
O diretor canadense David Cronenberg, 72 anos, sempre
fez filmes originais e estranhos. Basta lembrar alguns: “A Mosca”1986, “Gêmeos –
Mórbida Semelhança”1988, “M. Butterfly”1993, “Crash”1996, “Um Método
Perigoso”2011, “Cosmópolis”2012.
Em “Mapas para as Estrelas” parece querer mostrar aquilo
que seus personagens não querem ver: a realidade.
Porque só com ela contamos. Quem não a encara,
alucina.
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