Direção: Steven
Spielberg
“Lincoln” é um filme de
Steven Spielberg, 66 anos, dono de dois Oscars por “A Lista de Schindler” (1993)
e outro por “O Resgate do Soldado Ryan” (1998).
Mas é um filme muito
diferente de outros que ele dirigiu como o lírico “E. T.” (1982), “Os Caçadores
da Arca Perdida” (1981), ”Tubarão” (1975) ou “Cavalo de Guerra”
(2011).
Aqui ele não trabalha com
sua imaginação fabulosa. Aqui é a História que guia seus
passos.
É como se o famoso
diretor deixasse a cena montada para o grande ator inglês, de 55 anos, brilhar:
Daniel Day-Lewis, em sua interpretação como Lincoln, é o foco da
atenção.
Por isso, em poucas cenas
de “Lincoln” reconhecemos a marca Spielberg. O filme se passa quase todo em
salas enfumaçadas e escuras e há muitos diálogos longos. E foi de propósito. Diz
Spielberg:
“Eu não filmei “Lincoln”
discutindo planos, esquadrinhando efeitos. Deixei a câmara com o fotógrafo
(Janus Kaminski), a maior parte do tempo e fui dirigir os atores. Gastei pouco
tempo atrás da lente.”
O diretor deixa claro que
não buscou o espetáculo. Empenhou-se em transmitir ideias e princípios,
encarnados nos personagens de “Lincoln”, principalmente na figura do 16º
presidente americano, no século XIX, defensor da democracia como regime político
para o seu país e militante abolicionista.
O filme começa mostrando
aquela que foi uma guerra civil cruenta, corpo a corpo na lama fria, baionetas
ensanguentadas. O sul dos Estados Unidos contra o norte, a Guerra de Secessão,
com Lincoln como presidente.
A economia do sul do
país, baseada no cultivo do algodão, precisava de muita mão de obra e se
utilizava da escravidão para conseguir mais lucros. Contra esse estado de
coisas, homens do norte, liderados pelo presidente Lincoln, no quarto ano da
guerra (1865), tentam fazer passar a 13ª Emenda à Constituição americana, que
decretaria a abolição da escravatura em todo o país e, em consequência, acabaria
com a guerra, sendo o sul derrotado.
Lincoln foi vitorioso
nessa luta e conseguiu que o sul se rendesse ao norte, abdicando de suas
ambições separatistas.
Mas o filme mostra como
foi difícil esse outro corpo a corpo entre republicanos e democratas, voto a
voto sendo conseguido com habilidade política e nem sempre de forma ética, com
oferta de cargos e compra de congressistas.
Spielberg não assinou com
“Lincoln” um filme de patriotadas. Contou o que aconteceu.
O roteiro de Tony Kushner
baseou-se em parte no livro da historiadora Doris Kearns e a aura mítica em
torno ao presidente Lincoln ficou por conta da criação magnífica do ator Daniel
Day-Lewis, duas vezes ganhador do Oscar de melhor ator com “Meu Pé Esquerdo”
(1989) e “Sangue Negro” (2007).
O filme conseguiu 12
indicações para o Oscar incluindo melhor filme, diretor, ator para Daniel
Day-Lewis, ator coadjuvante para Tommy Lee Jones, atriz coadjuvante para Sally
Field, que faz a mulher de Lincoln e outros prêmios técnicos.
Talvez Spielberg não
ganhe dessa vez, embora seja o favorito, com o maior número de indicações. No
Globo de Ouro foi Daniel Day-Lewis que levou o prêmio.
Não importa.
O nome de Steven
Spielberg já está inscrito na história do cinema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário