Direção: Sophie Lellouche
Quem não gosta de Woody Allen vai detestar esse
filme.
Quem gosta, pode detestar também. Mas por outros
motivos. Explico. Podem pensar: como é que essa menina tem a coragem de fazer um
filme homenageando Woody Allen? E, além de tudo, em seu primeiro longa? Quem ela
acha que é?
Dá inveja mesmo.
E Sophie Lellouche (nenhum parentesco com o outro, sem o
“e” final no nome) é audaciosa. Convida o próprio homenageado e ele aceita vir
para Paris, fazer uma ponta no filme dela.
E esse é o ponto alto do filme, claro. Todo mundo faz
“oh!” no cinema quando ele aparece e se deleita com aquele jeito que Woody Allen
tem de conquistar platéias no mundo todo.
Mas inteligência só não basta, é preciso ter charme
também. E o filme de Sophie Lellouche tem pequenas coisas que seduzem como a luz
de abajur no filme que deixa tudo no lusco-fusco, aquele toque francês de
“vaudeville” com personagens que entram e saem, quase sempre se encontrando com
surpresa, pequenos nadas na decoração, velas e sapatilhas de ballet, roupas de
elegância despreocupada e aquele jeitinho de falar que só as parisienses tem.
Alice Taglioni, que faz a personagem principal, Alice,
além de ser bela, loura, magra e alta, porta-se diante das câmaras com a
naturalidade de uma atriz tarimbada e o talento de uma “top model” e às vêzes,
parece muito jovem. Ela esbanja um “je ne sais quoi” que algumas mulheres tem e
que vem de um lado menina que ela guardou em sua personalidade e que dá um
brilho especial no jeito com que ela fala e se movimenta na
tela.
Sophie Lellouche, a diretora e roteirista, também tem
essa característica infantil e assim conduz seu filme, o que permite que ela
imite Woody Allen, seu idolo, até no modo como são mostrados os créditos
iniciais.
Claro que o roteiro é uma historinha sem pretensões e
explora o fato da personagem principal contar tudo o que se passa com ela ao
poster gigante de Woody Allen que trona em seu quarto.
É o seu guru, que responde a ela com frases de
“Manhattan”.
Alice é farmacêutica e gosta tanto de cinema que, ao
invés de remédios, receita DVDs para os seus clientes, conforme a queixa.
Cuidadosamente guardados entre os produtos da farmácia, as prateleiras com os
filmes são a atração maior, de que todos se beneficiam. Até mesmo o ladrão, que
um dia rouba o dinheiro da caixa registradora, no episódio mais divertido do
filme.
Ela é solteira e o pai, ao invés da mãe judia, quer que
ela se case e procura chamar a atenção dos rapazes, distribuindo cartões dela
aonde quer que vá.
Um dia ela encontra alguém (o charmoso Patrick Bruel)
mas só aceita o rapaz com a aprovação de Woody, com Ella Fitzgerald cantando
“Bewitched”no fundo.
“Paris/Manhattan” é um bom divertimento. E vamos ficar
de olho em Sophie Lellouche. Afinal, este é só o seu primeiro
filme.
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