“A Filha do Pai”- “La
Fille du Puisatier” França, 2011
Direção: Daniel
Auteuil
Os romances e os filmes
baseados na obra do escritor francês Marcel Pagnol (1895-1974) sempre encantam
pessoas que são românticas. Não falo de romances água-com-açucar mas de amores
vividos em meio a aventuras, segredos, mentiras ou verdades difíceis de
dizer.
E como faz bem ver as
paisagens da Provence, que é onde tudo se passa. Campos a perder de vista, capim
alto, riachos de águas claras, árvores majestosas e casas de pedra. Sem falar na
luz local, a mais linda do mundo.
É numa paisagem dessas
que começa “A Filha do Pai”, um campo florido. Uma bela mocinha, Patricia
(Astrid Bergès- Frisbey), leva o almoço para o seu pai que faz poços (o
“puisatier” do título).
Daniel Auteuil, que já
atuou em tantos filmes baseados na obra de Pagnol, como os famosos “Jean de
Florette” e “A Vingança de Manon” de 1986, dirigidos por Claude Berri, estreia
na direção e como roteirista e faz o papel do viúvo Pascal Amoretti, pai de
Patricia e mais cinco filhas.
Aliás, “A Filha do Pai” é
uma refilmagem de outra versão, rodada em 1940, dirigida pelo próprio Marcel
Pagnol.
As relações familiares,
tão importantes nos enredos criados por Pagnol, que teve suas memórias filmadas
por Yves Robert em 1990 (“O Castelo de Minha Mãe” e “A Glória de Meu Pai”),
aparecem aqui na relação pai e filha.
Ela, que tinha sido a
única filha a estudar em Paris, é a princesa da casa mas tem caráter dócil e
amoroso. Cuida das irmãs como se fossem suas filhas.
Ora, acontece que
Patricia apaixona-se por um aviador, Jaques Mazel (Nicolas Duvauchelle) filho de
uma família rica e fica grávida. O rapaz vai para a guerra, sem saber de nada e
desaparece.
Dividido entre a honra de
seu nome e o amor que tem pela filha mais velha, Pascal quer protegê-la mas, ao
mesmo tempo, salvar seu orgulho e dignidade. Aparentemente duro e rígido, é com
lágrimas nos olhos que vê-se forçado a separar-se de sua filha. Sua atitude é a
esperada pelos padrões moralistas da época.
O fruto “pecaminoso” virá
a ser o pomo da discórdia entre as famílias que o disputam, os Amoretti e os
Mazel.
Sabine Azema, excelente
no papel da mãe ciumenta de Jaques e Jean-Pierre Darroussin que faz seu marido,
são típicos personagens de Pagnol que divertem e emocionam sem nunca mostrar
vilania.
Felipe, empregado de
Pascal, apaixonado por Patricia, é outra figura humana, que se preocupa mais com
os outros do que consigo mesmo. Kad Merad, argelino, faz o papel que foi de
Fernandel no primeiro filme e sai-se muito bem, soando convincente na sua
generosidade.
Uma única canção é ouvida
muitas vezes: “Cuore Ingrato” é o contraponto exato para a história que está
sendo contada.
Quem sabe até mesmo quem
pensa que só gosta de filmes de ação violentos, vai deixar-se levar pela beleza
das paisagens de “A Filha do Pai”? Experimentem. Um pouco de saudosismo não vai
fazer mal a ninguém.
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