Direção: Philippe
Lioret
Uma cena comum. Crianças
pequenas em torno à mesa. O pai serve o filho menor. A mãe chega e senta-se com
eles. O casal é muito jovem.
Estranhamente, aparece
uma data no alto da tela: 13 de setembro, Lyon.
“_ Estou morta... Passei
o dia inteiro julgando casos de curatela...”
“- Podemos ter um
cachorro, mamãe?” pergunta a filha mais velha.
“- Vamos ver”, responde
com o belo rosto pálido.
No dia
seguinte, pega as crianças no colégio e a mãe de uma coleguinha da filha vem
devolver algo:
“- Sou a mãe de Léa,
Céline. Você mandou 12 euros pelo passeio. Não precisa”, diz sorrindo a moça
devolvendo o dinheiro.
“- Mãe! Léa pode dormir
lá em casa?”
As mães se olham com
simpatia e combinam os arranjos para Léa ir dormir na casa de Claire, a
juíza.
Por uma coincidência, no
dia seguinte, ela (Marie Gillain) se depara com Céline (Amande Dewasmes) no
tribunal que preside. Ela está sendo processada por dívidas a uma
financeira.
As duas se olham
embaraçadas mas a juíza retoma o seu papel e se inteira dos pormenores. A dívida
de 440 euros por mês, consome quase todo o salário de 610 euros da mãe de
Léa.
Parece um caso sem
solução como tantos outros, como a juíza vem a saber mais tarde, através de um
juiz mais velho que ela (Vincent Lindon).
Na tela nova data: 18 de
setembro, Valence.
Claire está no médico. De
chofre, fica sabendo que tem um tumor maligno no cérebro, que não pode ser
operado por causa da localização.
Outro médico lhe diz que
terá que fazer um tratamento com quimio e radioterapia.
Quantos dias ainda nos
restam para viver nesse mundo? Não sabemos. E se soubéssemos? Faria alguma
diferença?
Claire, depois que a
notícia cai com todo o seu peso sobre ela, vai tomar decisões
importantes.
Phillipe Loiret, o
diretor do filme, gosta de trazer à tela histórias comoventes. É dele o terno
“Bem-Vindo(2009), sobre o menino curdo que vem a pé de seu vilarejo destruído
pela guerra, para procurar a namorada na Europa.
“Tudo que desejamos”,
adaptação do livro “Outras Vidas Além da Minha” de Emanuel Carrère, que conta
histórias reais, é um filme sensível sem clima de tragédia.
Mais. Ensina uma lição,
certamente difícil de aprender, principalmente porque assim é a natureza humana.
Apesar de saber que a morte é certa, agimos como se ela existisse apenas para os
outros. Ou num futuro muito longínquo.
Vendo o filme, quantas
questões vem à nossa mente...
Precisamos disso. É
saudável pensar nessa certeza porque isso pode mudar muitas escolhas em nossas
vidas.
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