Direção: Dominik
Moll
Estética gótica, cenário
medieval e um olhar freudiano são os atrativos desse filme sombrio que se passa
na Espanha do século XVII.
“- A cada pecador, seu
pecado”, diz o monge no escuro do confessionário para um homem que reincide
sempre no pecado da carne.
“- Satanás é muito
poderoso...”, responde quem estava ajoelhado do lado de fora.
“- Satã só tem os poderes
que nós mesmos lhe damos”, responde o confessor.
“- Simples assim? “
pergunta o pecador.
“- Sim”, responde o
monge.
Nesse diálogo está
colocado o desafio que o monge Ambrósio não sabia que teria que enfrentar um
dia. Do alto de sua pureza, o sem pecados condena aquele que cede às
tentações.
Mas a história do monge,
baseada no romance gótico e anti-papista de Mattew Lewis que viveu no século
XVIII na Inglaterra protestante e que foi adaptada pelo próprio diretor do
filme, tem suas raízes em segredos do passado que vão ditar o destino do
personagem principal.
Como na tragédia grega de
Édipo, Ambrósio bebê ainda, foi abandonado na porta do convento por alguém que
não teve coragem de lançá-lo às águas do rio.
Ele carrega consigo uma
maldição que desconhece.
O monge tenta aliviar
suas dores de cabeça, que o deixam insone, no roseiral que cuida desde
pequeno.
Mas, quando aparece o
enviado do Mal, Ambrósio, que se julgava imune às tentações, verá que não é tão
simples assim não ceder aos desejos mais íntimos da carne e do
coração.
A natureza humana, com
suas fraquezas e limites, será testada duramente, durante o desenvolver da
história de Ambrósio, interpretado com grande entrega por Vincent Cassel.
Quem se comportava como
um santo, descobre-se filho do homem e assume um pacto
faustiano.
O clima de sombras e
presságios de “O Monge” deve muito à música de Alberto Iglesias, que usa
lindamente cantos gregorianos e à fotografia de Patrick Blossier, de claros e
escuros, que adicionam os elementos necessários à trama, que sugere tragédias
desde o início.
Sem ser um filme
imperdível, “O Monge” tem o mérito de lidar com o grotesco sem apelar para
imagens de mau gosto e sustos baratos.
É um filme de suspense
que conta a história com classe e bom gosto. Até mesmo com poesia e inspiração,
eu diria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário