quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo

“Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo”- “Seeking for a Friend for the End of the World”, Estados Unidos /
Singapura /Malásia /Indonésia, 2012
Direção: Lorene Scafaria

Desde que o mundo é mundo, os profetas do apocalipse anunciam o seu final. Oráculos, presságios, visões, maldições ou calendários, sempre foram os veículos dessa tragédia anunciada.
“Melancholia” de Lars Von Trier foi o filme mais famoso que tratou desse assunto de forma sofisticada.
“Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo”, materializa a ameaça ao nosso planeta da mesma forma que Lars Von Trier concebeu. Mas as semelhanças terminam aqui. Quem vai colidir com a Terra é o asteroide gigante Matilda e Lorene Scafaria, diretora e roteirista, vai lidar com o fim do mundo com humor, amargo talvez, mas também com ternura.
Já no início do filme, ficamos sabendo do fracasso da missão espacial mandada ao encalço de Matilda para destrui-lo.
Na TV informam quantos dias faltam para a grande tragédia. O planeta será destruído e com ele todas as formas de vida que o habitam. Não há saída.
E as pessoas enlouquecem. Muitos fogem de suas casas, sem ter ideia de para onde ir. Outros choram deprimidos. Não há mais futuro. Não há mais projeto.
E, quando as companhias aéreas param de trabalhar, muitos não tem como se reunir com parentes que vivem distantes ou em outros continentes.
“- A vida perdeu o sentido”, diz alguém.
“- Esse é o nosso Titanic e não há botes salva-vidas”, filosofa o outro.
E as pessoas tem as reações mais inesperadas: um foge levando seu peixinho dourado enquanto outros partem para orgias, querendo esquecer de tudo no sexo maníaco. Uma mulher acha que agora é o momento de comer tudo que tiver vontade e livrar-se das dietas que a perseguiram a vida toda. Milhares se drogam e bebem sem parar. Outros ainda, agem como se nada fosse acontecer, numa negação do inevitável.
Multidões saem às ruas para cometer saques e atrocidades enquanto outros fazem uma longa fila para ser batizados.
Ou seja, esta é a última oportunidade de realizar desejos ou negar tudo que está acontecendo ou pior, antecipar-se à morte certa, morrendo antes da destruição do planeta.
Duas pessoas, vividas por Steve Carell e Keira Knightley, na companhia de um cachorro, vão ousar uma outra saída para viver a fatalidade.
E a câmara da principiante Lorene Scafaria segue Penny e Dodge, que não vão sobreviver porque não há essa possibilidade mas percebem que ainda há tempo para se viver o que se quer.
“Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo” traz uma mensagem de otimismo porque diz que há salvação do desespero frente ao inevitável. O certo é que vamos todos morrer um dia desses. Mas, se tivermos boas lembranças da vida ou alguém amado ao nosso lado, talvez não seja tão duro assim.
O desapego é mais fácil para quem se sente feliz? Assim parece entender esse filme pequeno, indicado para quem gosta de humor e imaginação.

 

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