Direção: Simon Curtis
Marilyn Monroe (1926-1962) era uma alma triste e perturbada em um
corpo feminino sedutor. Sua história? Trágica desde o
início.
Mesmo assim, ela chegou a ser uma das maiores estrelas do cinema
do século XX.
Quanto de tenacidade e de carisma, somados à carência e à
fragilidade... Uma mistura perigosa, mesmo sem as pílulas e a bebida que ela
tomava para se esquecer do que mais lembrava. Não haveria nunca um lugar seguro
nesse mundo para ela, nem quem a protegesse dela mesma.
“Sete Dias com Marilyn” é um relato real escrito por um homem que,
aos 23 anos, encontrou Marilyn Monroe e deixou-se enfeitiçar por um
sonho.
Ele e ela estavam em Londres. O ano era 1956. Ela era a atriz
principal do filme, ele ajudava Sir Laurence Olivier que atuava e dirigia “The
Prince and the Show Girl” (traduzido aqui como “O Principe Encantado”).
Colin Clark (vivido por Eddie Redmayne), inglês, com uma rica
família aristocrática, filho mais novo de uma prole de superdotados, precisava
provar para si mesmo, mais do que a ninguém, que ele também valia alguma
coisa.
Marilyn Monroe, insegura e ignorante do próprio brilho, também
tinha um problema parecido.
Quando os dois se aproximam, ele diz:
“- Sir Laurence Olivier é um grande ator que quer ser um astro de
cinema. Você é uma estrela de cinema que quer ser uma grande atriz. Este filme
não vai fazer bem a nenhum dos dois.”
Michelle Williams, que ganhou o Globo de Ouro e foi indicada ao
Oscar pelo papel, não se parece fisicamente com Marilyn mas expressa, com
talento, a fragilidade da deusa que queria ser amada como uma mulher comum, mas
que não acreditava, nem um minuto, no que ela mesma dizia.
Contraditória, ambivalente e melancólica, como podia ela saber o
que era o amor que tanto buscava?
Exemplarmente, o filme nos brinda com alguns momentos felizes de
dois jovens belos e atraentes, em cenas idílicas no campo inglês. Na volta do
passeio, ao som tristonho de Nat King Cole cantando “Autumn Leaves”, Marilyn
olha, sem ver, pela janela do carro, que passa por uma floresta ao luar. Ele?
Sonha.
Keneth Branagh, também indicado ao Oscar de ator coadjuvante, faz
um Sir Laurence Olivier que age como um diretor tirânico e maldoso com Marilyn.
Nele palpita uma inveja profunda.
Vivien Leigh (Julia Ormond), 43 anos na época e mulher de Olivier,
grita quando vê Marilyn nas primeiras cenas filmadas:
“- Não sabia que ela era tão bonita! Ela brilha na tela! Espero
que ela torne sua vida um inferno”, arremata chorando.
Judi Dench, que faz outra atriz do filme, resume o drama do jovem
Colin:
“- Como pode ser desesperador o primeiro
amor...”
“Sete dias com Marilyn” é uma primavera fugaz que ela e o jovem
inglês viveram, cada um à sua maneira.
Ele, certamente, nunca mais a esqueceu...
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