segunda-feira, 28 de maio de 2012

Apenas uma Noite










“Apenas Uma Noite”-“Last Night” França, Estados Unidos 2011
Direção: Massy Tadjedin


Há um mal-estar palpável nos relacionamentos que envolvem homem e mulher na atualidade.
A liberdade sexual trouxe ganhos evidentes mas também causou danos, no caso por exemplo, de relacionamentos superficiais que não duram, principalmente entre os mais jovens. Poucos tem alguma paciência com os defeitos alheios e qualquer situação mais complicada é evitada com a troca de parceiros.
Por outro lado, os homens sempre tiveram mais liberdade para ter várias parceiras e sempre contaram com a conivência da cultura machista no caso de manterem relações com duas ou mais mulheres ao mesmo tempo.
As mulheres, por sua vez, conquistaram direitos iguais aos do homem, adotaram o modelo masculino no campo profissional e partiram para conquistar o mundo.
Mas e como fica o sexo? Sabemos que homens e mulheres não partilham do mesmo modo de viver a sexualidade, nem no gozo, nem na maneira de escolher seus parceiros. E, no entanto, há mulheres que usam o modelo masculino também na cama.
Isso traz uma discussão interessante sobre os temas da monogamia, fidelidade, traição e mentira nos relacionamentos estáveis e no casamento.
Em “Apenas Uma Noite”, a diretora iraniana Massy Tadjedin, que também escreve o roteiro, quer nos desafiar a pensar a respeito dessas questões.
E, para isso usa um casal. Joanna (Keira Knightley) e Michael (Sam Worthington) levam uma vida charmosa, confortável e aparentemente feliz em New York.
Numa noite vão a uma festa onde encontram Laura (Eva Mendes), atraente colega de trabalho de Michael. Joanna, que a câmara flagra no táxi indo para a festa com uma fisionomia estranha, entrega-se a suspeitas e passa a desconfiar da fidelidade do marido.
Ora, será que Joanna observa Laura e Michael na festa dirigida pela insatisfação com a própria vida? Ela é escritora e parece que está sofrendo um bloqueio na criatividade. Nada melhor que procurar fora dela um tema para distrair-se.
Só que o inesperado acontece, justamente na noite em que o marido de Joanna está em viagem de trabalho com Laura. Um antigo amor aparece por acaso e isso a desconcerta. Reviver esse amor não seria mais interessante do que sofrer de ciúmes pelo marido?
O filme faz um vai e vem entre Los Angeles, onde estão Laura e Michael e New York, onde Joanna e Alex (o francês Guillaume Canet) se encontraram.
E as perguntas aparecem. Será que é a insatisfação que leva à traição? Ou é a curiosidade?
Ou seja, os motivos para a traição pertencem à relação que não vai bem ou, mesmo indo bem a relação, alguém pode se sentir tentado a experimentar uma novidade?
É o casamento de Joanna e Michael que está em crise ou isso pode acontecer com casais que se amam?
Entre Michael e Laura, a situação é diferente da de Joanna e Alex? Haveria, no segundo caso um sentimento que justificaria a aproximação dos dois, que não fosse simples e puro desejo, como no caso de Michael e Laura?
E a culpa? Só existe quando há uma relação física ou só o fato de estar envolvido emocionalmente com alguém já traz culpa?
O filme acaba de modo abrupto, fazendo com que as pessoas tenham que conversar, para cada um tentar explicar o caso segundo suas próprias convicções. Ou mudá-las. Conversar e pensar servem para isso também.

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