Direção: Aamir Khan
Pequeno e franzino, notas baixas na escola, comportamento
agitado, ele é invariavelmente mandado para fora da sala pela professora.
Nunca faz a lição direito, mesmo quando a mãe se senta ao lado dele.
O que acontece com Ishaan (Darsheel Safary) que tem 8 anos e
não conseguiu ainda aprender a ler e escrever? Ele não acompanha a classe. Sua
atenção está dirigida para fora. Olha pela janela como se sonhasse com a
liberdade.
Os créditos do filme encantam pelas cores e pelos
personagens como o relógio que nada, peixes que sorriem, dois sapos disputam
uma minhoca, passam estrelas e planetas, golfinhos pulam nuvens e pipas de
todas as cores cobrem o céu. Este é o mundo da imaginação de Ishaam que adora
pintar e desenhar. A lousa da escola e os livros não podem competir com esse
lugar atraente onde ele se refugia.
No dia da entrega do boletim, a mãe orgulhosa recebe as
notas do filho mais velho. E o boletim de Ishaan? Está em tiras porque ele
brincou com os cachorros, que o destruíram. De qualquer forma, suas notas eram
um desastre.
Num outro dia, jogando bola com as outras crianças errou o
alvo e ela foi parar não se sabe onde. Um menino e ele rolam pelo chão, aos
socos e pontapés. Sujo, bravo e machucado, ele sobe a escada descarregando nos
vasos de plantas dos vizinhos toda a raiva que sente.
Na hora do jantar, o pai mostra seu desagrado com o caçula:
“- Estou cansado de tantas reclamações, você vai para o
colégio interno. ”
Como todo filme de Bollywood, as canções e a dança
acompanham os personagens ilustrando seus sentimentos. Isso ajuda a animar bem
como a mostrar tristezas e decepções. Aqui esse recurso é bem usado e ajuda a
compreender como o garoto estava perdido.
E não teve remédio. Contrariado, nervoso e deprimido o
menino segue para o colégio interno. Mas tudo continua como antes. Ele não
entende nada do que se passa na sala de aula. Na tela olhamos a confusão de
linhas que é como Ishaan enxerga essa página e todas as outras do livro.
Muitas crianças no mundo inteiro passam pelos mesmos
problemas mas o nosso menino indiano não foi levado a um especialista para um
diagnóstico. Os professores o tratam como retardado e insolente.
A sorte de Ishaan é que um professor de arte, jovem e
criativo (o próprio diretor do filme), identifica a dificuldade do menino e
trabalha com ele a sós, com muita paciência e técnicas acertadas. Através de
brincadeiras e jogos, o professor estimula o aluno a prestar atenção ao que
acontece entre os dois, que não é mais uma mera lição mas uma convivência
calorosa e bem humorada. Ishaan vai surpreender a todos quando florescer sua
inteligência, criatividade e talento.
Cores belíssimas e uma câmera que mostra tanto cenas de rua
como da escola e closes do rosto de Ishaan, que é um excelente ator infantil,
nos conquistam ao longo do filme.
“Como Estrelas na Terra” comove e envolve o espectador,
seduzido pelas imagens que explicam visualmente mais do que mil palavras.
“Toda criança é especial” é o bom lema de um professor
excepcional. E vale a pena conhecer um pouco da Índia através dos olhos dessa
criança com uma visão especial do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário