“Sergio”- Idem, Estados Unidos, 2020
Direção: Greg Barker
Ele se foi cedo demais.
Sergio Vieira de Mello (1948-2003), um brasileiro dono de
uma liderança carismática, movido por compaixão e empatia em seu trabalho como
Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, poderia ser útil
para o Brasil de hoje, tão pobre em líderes humanistas.
Aqueles que o conheceram contam como ele tinha um jeito
especial de lidar com as pessoas, de forma a se comunicar para querer entender
aqueles que sofrem e ajudar sem necessidade de fazer brilhar o próprio ego.
Filho de diplomata, morou em muitas cidades pelo mundo,
conheceu gente de todo tipo e estudou filosofia em Paris para melhor entender a
natureza humana. Não tomava partido até entender a causa dos conflitos. E
tentava fazer a paz onde antes havia ódio.
Seu trabalho com pessoas vítimas de guerras o levaram em
missões da ONU para Bangladesh, Chipre, Moçambique, Líbano e Camboja.
Seu maior triunfo foi no Timor-Leste onde por 24 anos
lutavam guerrilheiros que queriam a independência de seu país da Indonésia.
“- Estamos construindo a primeira nação do século XXI”,
dizia ele.
O filme de Greg Barker mostra que foi lá que ele conheceu
Carolina Larreira (Ana de Armas). Os dois eram parecidos. Belos, idealistas,
ele estudara na Sorbonne, ela em Harvard. Fizeram planos para ir ao Rio e
passar um tempo por lá. Talvez Sergio abandonasse o posto que o obrigava a
tantas viagens perigosas, apesar de que ele era tido como sucessor de Kofi
Anan, que comandava a ONU e era seu amigo.
Sergio estava dividido entre seu trabalho incansável e a
vida em família que ele nunca tinha tido com os filhos no Rio. A mãe deles
morava em Génève e estavam separados.
O filme nos faz conhecer episódios da vida de Sergio em seus
últimos momentos, em flashbacks. Somente 5 dias haviam se passado desde que a
Missão de Assistência da ONU tinha chegado ao Iraque e um carro bomba destrói o
prédio do Hotel Canal em Bagdá, onde a ONU tinha seus escritórios.
E tragicamente Sergio fica preso nos escombros. Em meio às
dores, a mente de Sergio escapa para boas lembranças do mar do Arpoador, seu
encontro com Carolina, o triunfo no Timor-Leste.
O filme tem Wagner Moura muito bem no papel de Sergio, a
bela Ana de Armas faz uma Carolina apaixonada e os outros personagens não tem
muito destaque.
Talvez seja um sinal dos tempos falar sobre Sergio Vieira de
Mello num filme que tem ficção e romance e pouco espaço para mostrar o homem
extraordinário que ele foi.
Queria mais.
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