“O Céu é Rosa”- “The Sky is Pink”, Índia, 2019
Direção: Shonali Bose
“- Estou morta. Mas vamos esquecer isso? ”diz uma garota de
voz travessa.
Essa é uma história verídica. Aisha Chaudhary realmente
existiu e foi vítima de uma doença genética rara que a levou aos 18 anos de
idade. Ela é a narradora do filme, o que pode causar estranheza em alguns mas
isso foi um ótimo achado do roteiro, escrito pela diretora Shonali Bose e
Nilesh Maniyar. Assim, conseguiram dar leveza a um tema que nos toca a todos
mas que é desconfortável para a maioria.
O espectador brasileiro tem pouco contato com os filmes de
Bolywood, como são chamados os estúdios indianos.
Mas, apesar de muito vistos na própria Índia, que tem uma
população de mais de um bilhão de pessoas, começam a querer ganhar terreno
principalmente nos Estados Unidos. Costumavam ser filmes que eram interrompidos
na narração por dança e música, o que acontece também nesse “O Céu é Rosa” mas
de forma mais leve e natural.
Aqui é contada a história de um casal que se ama, Aditi
(Priyanka Chopra Jonas, atriz ótima e belíssima) e Niren (Farhan Aktar). Quando
Aditi descobre que está grávida começa o drama porque, convertida ao
cristianismo, se recusa a abortar. Mas por que aquela criança não poderia
nascer? O medo todo é que uma doença genética rara, que já tinha sido a causa
da morte deTanya, muito cedo, levasse também o novo bebê.
Mas Aisha (Zaira Wasim) conta de forma nada trágica seus
primeiros meses de vida, até fazendo piada sobre ela mesma e a preocupação dos
pais. Constatada a doença, foi necessário fazer uma arrecadação pública de
doações, já que o tratamento era caríssimo.
O pai foi o doador da medula óssea e Aisha teve que fazer a
quimioterapia. A mãe e a bebê ficaram em Londres. O pai voltou mas o irmão
sente falta da mãe.
Através das falas em um telefonema entre a mãe e o filho,
entendemos o título do filme. Ele conta que pintou de rosa o céu do desenho e
que todos disseram que a cor estava errada, já que o céu é azul. A mãe entendeu
a queixa percebendo que a cor rosa do céu era a fantasia de estar com a mãe e
ser a bebê Aisha, o centro das atenções dela.
A diretora acertou quando escreveu o roteiro em “flashbacks”e
“flashforwards”’, dando assim dinamismo e suspense ao que é contado.
Aisha tornou-se conhecida pelas palestras motivacionais que
ela fazia, contando sua história e o convívio com sua doença. Falava muito
naturalmente sobre a morte, que é algo que todos vamos conhecer, mais cedo ou
mais tarde, e o quanto isso faz com que cada dia seja precioso. Ela também
escreveu um livro ilustrado com seus desenhos.
“O Céu é Rosa” mostra como o cinema da Índia pode ser
universal e comover plateias que nunca tinham tido contato com esse belo país,
onde vivem pessoas que ultrapassam suas dificuldades com muita sabedoria.
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