quinta-feira, 26 de março de 2020



"Self Made -A Vida e a História de Madame C. J. Walker”- “Self Made: Inspired by the Life of Madam C. J. Walker”, Estados Unidos, 2020
Direção: De Mand Davies e Kasi Lemmons


Ela era negra, gorda, mãe adolescente e seu cabelo estava caindo. Era lavadeira na pequena cidade de Saint Louis, no começo do século XX. Olhava-se no espelho e chorava.
E esse sofrimento foi o começo de uma história inacreditável que conta a vida da primeira negra americana a tornar-se milionária por causa do seu talento e esforço, aliados a uma personalidade marcante. E não herdou nada de ninguém.
Foi Addie Monroe (Carmen Egogo), uma negra de pele clara e cabelo mais liso, que primeiro cuidou do cabelo de Sarah Breedlove, em troca de roupa lavada. Mas quando deu resultado e Sarah sugeriu uma sociedade, para aumentar o negócio, ela a despreza, achando que sua figura baixa, obesa e com pele escura, nada glamorosa, não iria ser vantajosa para vender o seu produto.
Apesar de ser uma história real, levou muito tempo para que se tornasse um filme porque achavam que o assunto não iria interessar ao público internacional.
No entanto, ela era bem conhecida e admirada por mulheres negras americanas. Porque foi a partir de seu próprio sofrimento que ela pensou nas outras como ela e resolveu vender muito barato, nas ruas, o produto que tinha ajudado a fazer crescer o seu cabelo novamente.
Ela sabia como a boa aparência influencia a autoestima das pessoas. Foi isso que guiou os passos de Sarah, nascida pouco depois da lei que considerava livres as crianças nascidas depois daquela data.
Octavia Spencer, 48 anos, é quem interpreta Sarah com um talento já reconhecido pela indicação ao Oscar de atriz coadjuvante em 2016 no filme “Estrelas Além do Tempo”.
Lutando contra vários obstáculos mostrados na minissérie de quatro capítulos, Sarah aprimorou a fórmula e, em pouco tempo ampliou o negócio, mudando-se para Indianópolis e abrindo salões onde uma mulher negra podia cuidar do cabelo e confraternizar com outras que tinham vida caseira e poucos horizontes. O exemplo de Madame C. J. Walker, como ela gostava de ser chamada, foi uma inspiração para que muitas delas tivessem a coragem de abrir seus próprios negócios.
Bem produzida, a minissérie tem momentos onde Sarah vê a si mesma no centro de uma apresentação teatral com música e dança. Alguns críticos não gostaram da ideia mas eu achei interessante.
Dirigido por duas mulheres negras, De Mand Davies e Kasi Lemmons, a produção NETFLIX presta homenagem merecida a essa figura da história americana.


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