“Gloria Bell”- Idem, Chile, Estados Unidos, 2018
Direção: Sebastián Lelio
Ela está no bar de um clube noturno que toca músicas dos
anos 80, em Los Angeles. Vemos cabelos brancos na pista de dança. Encontra um
velho conhecido e ficamos sabendo que é divorciada há 12 anos. Deve ter uns
cinquenta e poucos mas Gloria (Julianne Moore) é daquelas mulheres que não
aparentam a idade que tem. É bonita. Corpo esbelto, cabelos alourados nos
ombros, óculos que não escondem os olhos e dão um charme especial e a pele é
suave. Pouca maquiagem. Veste-se com uma elegância discreta.
Seu sorriso é doce, seu riso alegre e gosta de dançar. E há
uma procura estampada em seu rosto.
Está naquela idade em que os filhos não precisam o tempo
todo da mãe. Vivem suas vidas. Ela os procura mas não é invasiva. Trabalha numa
seguradora e vive só em um apartamento pequeno mas jeitoso. Há noites difíceis
em que o vizinho de cima surta, grita, xinga a mulher e não a deixa dormir. E
tem um gato que, não se sabe como, entra todo dia na casa dela. Delicadamente
ela o põe para fora. Mas ele volta porque fareja que ela precisa de companhia
tanto quanto ele.
Glória não é uma pessoa deprimida. Toda vez que entra no
carro, canta alto as músicas dos anos 80 que escuta e quando limpa a casa dela,
também. Sabe todas as letras de cor.
Há nela uma vontade de viver indisfarçável. E esperança de
encontrar um companheiro. Mas ela não se mostra aflita, nem aborda quem não conhece.
E numa das noites no clube noturno ela troca olhares com um
homem (John Turturro, excelente) e aos poucos começam um namoro.
Divorciado há um ano, Arnold é um ex militar, que parece
ainda envolvido, por culpa, com a antiga família.
Gloria vai amar e terá que decidir o que quer para a sua
vida.
Julianne Moore faz o papel que foi de Paulina Garcia na
primeira versão chilena do filme, premiada como melhor atriz em Berlim em 2013.
E o diretor Sebastián Lelio foi convidado pela própria Julianne Moore, que
também envolveu-se na produção, para fazer o “remake” em inglês, tendo ela como
Gloria.
E ela está divina. Tão expressiva que não precisa falar para
comunicar o que sente para o público. Seu belo rosto e seu corpo falam por ela.
Somos imediatamente conquistados pela Gloria de Julianne e torcemos para que
encontre o que procura.
Este é o segundo filme de Sebastián Lelio em inglês. O
primeiro foi “Desobediência” de 2017 com Rachel Weiz. E o diretor ganhou o
Oscar de melhor filme estrangeiro 2018 com “Mulher Fantástica”. Ele sabe contar
bem histórias de mulheres.
“Gloria Bell” é um filme com um forte sentimento de procura
da sobrevivência amorosa mas nunca às custas de uma falsa liberdade, nem de uma
submissão masoquista.
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