“Pantera
Negra”- “Black Panther”, Estados Unidos, 2018
Direção:
Ryan Coogler
Filmes de
super-heróis nunca foram o meu forte. O que eu mais gostei foi “Mulher
Maravilha” com a Gal Gadot. E claro, os primeiros do “Superman” e do “Homem
Aranha”. Esses outros heróis da Marvel não me emocionam. Detesto o barulhão e
as lutas entre brutamontes.
Mas fui ver
o “Pantera Negra” porque fiquei curiosa com o que ouvi dizer.
E acho que
foi a beleza e a delicadeza do mundo de Wakanda, onde as planícies e as cachoeiras
da África se misturam a uma civilização tecnológica que não esqueceu suas
raízes, que me conquistaram.
O prólogo
conta a origem lendária do povo daquela nação que o mundo desconhece e há ali
um respeito aos ancestrais e às leis que ordenam essa civilização.
Ao invés de
lutas violentas e irracionais, há uma família em luto e um filho que chora a
perda do pai e sabe que deverá sucedê-lo.
Chadwick
Boseman faz o Pantera Negra com grande dignidade. Ensina postura e atitudes em
situações que envolvem a família, política e responsabilidade com o seu povo.
A cerimonia
da consagração do novo rei passa por um belo ritual no qual há um contato com
os ancestrais e aprendemos o que ocorreu no passado. É linda a cena da árvore
de grandes galhos onde se deitam as panteras de olhos brilhantes, contra um céu
estrelado, em tons de rosa, turquesa e magenta.
O roteiro
explora, com acerto, o questionamento que o próprio rei se faz quando fica
sabendo como o seu pai agiu em questões de família. E o posicionamento dele não
será inflexível nem autoritário. E aí há mais um exemplo para os jovens. Lutar
por seus ideais mas informar-se e, se necessário, mudar de opinião.
O racismo
intolerável que existe em nosso mundo precisa ser questionado com argumentos. O
filme coloca a questão em termos do que aconteceu nos anos 60, nos Estados
Unidos, quando havia uma oposição entre o pacifismo de Martin Luther King e o
ativismo radical dos Panteras Negras. São os dois que se defrontam, T’Challa e
Killmonger (Michael B. Jprdan), em luta pela coroa.
E, na
verdade, aquele que chega para questionar o rei, tem os seus motivos para agir
como age. Lembramos da escravidão e das perseguições que ainda sofre o povo
originário da África.
As mulheres
do filme são fortes como a líder das guerreiras Dora Milaje, Okoye (Danai
Gurira), sábias como a rainha mãe (Angela Basset), inteligentes como Shuri
(Letitia Wright) e apaixonadas como Nakia (Lupita Nyong’o). Elas lutam como os
homens e são eficientes e indispensáveis.
A
originalidade e o atrativo dos figurinos (de Ruth C. Carter) ajudam a construir
a personalidade da nação Wakanda. São cores, formas, adereços, pinturas no
corpo e máscaras que unem o que conhecemos como tribal ao imaginário
tecnológico. Do telefone com holograma às entranhas da montanha com trens que
se movem por levitação magnética e a roupa que não deixa passar projéteis nem
golpes, carregando a energia para ser usada contra o agressor do Pantera Negra,
são surpresas a todo momento. Tudo à base de vibranium, uma espécie de metal
que veio do espaço e existe em abundância em Wakanda.
As cenas de
ação e as lutas estão a serviço de um roteiro bem escrito e não são a
finalidade do filme. Mas quando acontecem são ferozes.
Se você
também não é fã de super-heróis, dê uma chance ao “Pantera Negra”. Ele vai
surpreender você.
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