“Amante por
um dia”- “L’Amant d’un Jour”, França, 2017
Direção:
Philippe Garrel
Amor? É um
sentimento buscado pela maioria das pessoas e quase sempre é difícil de ser
vivido.
O diretor
francês, Philippe Garrel, 69 anos, faz desse sentimento o tema de seu cinema
que é simples e sofisticado, ao mesmo tempo universal, já que fala sobre a
natureza humana e seus conflitos.
“Amante por
um Dia” fecha uma trilogia que começou com “O Ciúme - La Jalousie” de 2013, já
resenhado nesse blog. Nele há um personagem que aconselha Louis Garrel, filho
do diretor e o protagonista:
“- Ela te
ama na medida da capacidade de amar que ela tem. Todos vivemos uma história
pessoal. Barreiras, receios, dificuldades… Existem limitações no amar.”
E quando o
jovem responde que seu amor pela mulher que ele ama não tem limites, o
personagem mais velho e mais experiente adverte:
“- Cuidado
Louis, isso é perigoso…”
Ficamos sem
o segundo filme, “A Sombra de uma Mulher”, que não passou por aqui e agora
temos em cartaz o fecho da trilogia, “Amante por um Dia”.
O ângulo
escolhido para falar sobre o amor, agora é a fidelidade.
Na cena
inicial, uma morena bonita, jovem, de cabelos longos, transa de pé no banheiro
da faculdade com um homem mais velho. Ela é intensa e vemos em seu rosto em
“close” que parece usufruir um grande prazer com aquela transa. Repete “Oh mon
Dieu!” antes do orgasmo.
Depois
vemos uma garota que chora aos soluços, sentada na calçada, à noite. Uma grande
mala está a seu lado. Sempre chorando muito, ela arrasta a valise pesada. Sobe
uma escada e toca a campainha de um apartamento.
“- Filha? O
que aconteceu?”diz o pai com carinho.
Uma voz
feminina em “off”, marca dos filmes de Garrel, conta que o namorado colocou ela
na rua. Essa mesma voz vai aparecer de tempos em tempos explicando a trama.
Para o diretor não interessa ir e vir com outras cenas.
Gilles
(Eric Caravaca) é professor de filosofia na faculdade e Jeanne (Esther Garrel,
filha do diretor), é sua filha.
Ao observer
uma bolsinha de maquiagem sobre a mesa onde estão sentados, Jeanne fica sabendo
que o pai tem uma namorada morando com ele, aluna da facudade, Ariane (Louise
Chevilote, alta e bela). Reconhecemos, quando ela aparece, a moça da transa no
banheiro.
Jeanne e
Ariane tem a mesma idade, 23 anos.
No começo
se estranham, competem pela atenção de Gilles, que está preocupado com a filha.
Para apaziguar Ariane, numa noite em que ela está brava com ele por causa de
Jeanne, ele solta uma frase infeliz. Diz que ela tem a liberdade de sair com
quem quiser.
As duas
garotas, agora sobre o mesmo teto, acabam se aproximando e trocando
confidências. São opostas no que se refere à fidelidade no amor.
Jeanne, que
diz que ama Matteo, o namorado que a expulsou de casa, não admite pensar em
infidelidade. Já Ariane acha que fazer sexo sem amor, ter “um amante por um
dia”, não tem nada de mais. O importante é que o homem não fique sabendo.
“- Os
homens são infiéis mas ficam muito frágeis quando é a mulher que trai.”
Vamos ver
em “Amante por um Dia” as idas e vindas do amor, que quase sempre é possessivo.
Philippe
Garrel que escreveu o roteiro com Caroline Deruas, sua mulher, e com o escritor
Jean-Claude Carrière, que trabalhou com Bunuel, filma sempre em preto e branco.
Isso faz com que se concentre no detalhe, no “close”dos rostos, na emoção da
cena.
Um filme
simples mas longe de ser simplório, que colabora para que pensemos sobre
questões importantes não tão fáceis de ser vividas.
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