Direção: John Crowley
Eilis Lacey (Saoirse Ronan, ótima) é uma típica
jovem irlandesa. Olhos muito azuis, pele branca, cabelos claros e um jeito
sério, escondem uma personalidade que tem medo de se manifestar.
Vive num pequeno povoado perto do mar e tem uma
vida simples, sem muita coisa para contar. Mas sua irmã mais velha, Rose (Fiona
Glascott), sonha para ela uma vida diferente. E convence Eilis que ela deve
imigrar para os Estados Unidos.
Tímida, bastante assustada, Eilis está a bordo
do navio que a levará para Nova York. Rose providenciou uma pensão e trabalho
numa loja de departamento “chic” para a irmã, através de um padre conhecido dela
(Jim Broadbent).
No porto, dando adeus da murada do navio para
Rose e a mãe delas, que é viúva, percebe-se o quanto a jovem imigrante está
dividida. A irmã Rose, a melhor amiga e mesmo a mãe distante e fria, já começam
a fazer falta para ela.
O que vai acontecer do outro lado do
oceano?
Quando ela passa pela imigração, com sua capa
verde (uma das cores da bandeira da Irlanda) e abre a porta azul que dá para a
rua americana, sentimos nela uma vontade de viver que briga com sua
timidez.
“Brooklyn” é um filme delicado que foca sobre a
auto-estima e sua importância na vida do ser humano. Eilis foi criada por uma
mãe fria e Rose era seu porto seguro. As duas irmãs se amavam. Deixá-la para
trás para viver uma nova vida enchia Eilis de culpa e receio. Mas, ao mesmo
tempo, abria um espaço para que ela pudesse ver do que era capaz.
E um jovem italiano, Tony (Emory Cohen) vai ter
um papel importante no desabrochar da mocinha irlandesa. Ela não se joga numa
aventura, porque não é do seu feitio. Eilis avança devagar nos
sentimentos.
E por que o título “Brooklyn”? Talvez porque o
lugar onde queremos viver e fazer casa, ninho, não seja fácil de escolher para
um imigrante. Há sempre uma nostalgia do lugar onde nasceram, que atrapalha a
tomada de decisão. Para criar raízes, há que existir uma razão forte. E é isso
que Eilis vai descobrir.
A interpretação de Saoirse Ronan é feita de
nuances, detalhes, olhares. Muito expressiva, ela não precisa falar para passar
ao público os sentimentos contraditórios que sente. Merecida indicação para o
Oscar de melhor atriz.
Os figurinos dos anos 50 são bem criados e a
reconstituição de época é primorosa.
E o que mais atrai no visual do filme é o belo
uso da cor. Seja nos tecidos das roupas, nos móveis, papéis de parede, na
maquiagem e acessórios, seja nas ruas do bairro americano, parques e praças,
quanto nas paisagens irlandesas, tudo é muito bonito.
Baseado no livro do irlandês Colm Tóibín, com
roteiro do escritor Nick Horny e bem dirigido por John Crowley, “Brooklyn”,
indicado na lista dos melhores filmes do ano para o Oscar 2016, é um filme sobre
as escolhas difíceis que a vida traz, para quem se aventura a ir fundo nos
próprios sentimentos.
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