Direção: Lasse
Hallstron
Não é à toa que na lista dos produtores
desse filme estão Steven Spielberg e Oprah Winfrey. Acreditaram no talento do
diretor sueco Lasse Hallstrom de “Chocolate”2000, que consegue emocionar até o
coração mais duro, na boa adaptação do best-seller de Richard C. Morais para o
cinema. Seu filme tem charme.
E tudo começa quando imigrantes
indianos chegam a uma cidadezinha na França. A família fugira de um incêndio em
seu restaurante em Mumbai devido a lutas políticas. Estavam todos órfãos sem a
mãe, a cozinheira da família. Em Londres não se adaptaram e partiram à procura
de outro lugar para viver.
Um novo começo os espera, de forma
inusitada.
O pai da família acolhe como um bom
augúrio o fato de perder o freio do carro justamente ali, naquela cidadezinha,
sem causar nenhum acidente. Só tiveram que parar. E os indianos são
supersticiosos.
Como encontram uma casa à venda, com um
pátio aberto, que lembra o de Mumbai, o pai resolve que a família abrirá um
restaurante ali, o “Maison Mumbai”.
Mas a bucólica Saint Antonin já tinha
um restaurante, francês, naturalmente. E, para orgulho dos seus habitantes, com
uma estrela no Michellin, o “papa” dos guias dos melhores restaurantes,
respeitadíssimo no mundo inteiro.
O que estavam pensando aqueles indianos
que cismam em abrir um restaurante indiano, justamente em frente ao restaurante
de Mme Mallory?
O charme, as cores, as luzinhas e a
música tonitruante do exótico restaurante da família indiana irritam a dona do
“Le Saule Pleurer”, uma Helen Mirren que mostra que até boa comediante ela
é.
E Papa Kadam (Om Puri) vai ter que
lembrar de toda a sua sabedoria para reviver em Saint Antonin, os bons tempos de
Mumbai. E ele tem um trunfo: seu filho mais velho, Hassam Haji (o excelente
Manish Dayal), que aprendeu a cozinhar com sua mãe e trouxe da Índia a maleta de
temperos dela, que ele sabe usar.
E a guerra entre os rivais
gastronômicos vai evoluir de pequenas artimanhas no mercado local até apelos ao
prefeito, que, aliás, passa a frequentar o restaurante indiano com gosto, para
desespero de Mme Mallory.
Uma francesinha bela (Charlotte Le
Bon), que é “sous-chef” do restaurante francês, passeia de bicicleta na floresta
e encontra o charmoso Hassan pescando. Esse conto de fadas para adultos tem
também romance no menu.
E é por aí que vamos ver que o Ocidente
tem muito a aprender com o Oriente, e vice versa.
Aliás, é o que o resto do mundo está
fazendo, para desagrado dos conservadores e a alegria dos que gostam de misturas
finas.
“Bravo” Lasse Hallstrom!
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