“O Grande Hotel Budapest”- “The Grand Budapest Hotel”, Estados Unidos, 2013
Direção: Wes Anderson
Tudo é fictício em “O Grande Hotel Budapest”. O Hotel
nunca existiu, muito menos os personagens que o
habitam.
Mas o diretor Wes Anderson é um mágico e em cada detalhe
de seu filme existe vida, estética e criação artística. Você vai querer que as
cenas voltem, que os quadros fiquem estáticos e que tudo comece outra vez,
tamanha é a profusão de beleza e imaginação que invade a
tela.
Quem conta a história é um velho escritor que diz que
ele não inventa nada, mas que as histórias vem para ele. E começa falando sobre
os anos de ouro do “Grand Budapest Hotel” e de como foi parar lá quando teve uma
crise de criatividade.
Em 1932, Ralph Fiennes é M. Gustave, o refinado
“concierge” que dirige o Hotel Budapest, em sua época áurea, na República de
Zubrovka, situada na fronteira mais oriental da Europa.
Anos mais tarde, em 1968, o autor, quando jovem (Jude
Law), vai hospedar-se lá, na baixa estação. E confessa que o hotel começava a
aparentar desleixo. Seria demolido em um futuro
próximo.
Um dia, nota um hóspede
solitário.
“ Não o reconhece?”pergunta o “concierge”.”É o Sr
Moustafa, dono do hotel. E o interessante é que ele fica sempre num quarto
pequeno, sem banheiro...”
Esse detalhe intriga o escritor, que resolve descobrir o
porquê dessa excentricidade.
E uma coincidência nos banhos turcos, leva o jovem a
perguntar diretamente ao dono do hotel como o havia
comprado.
“- Não comprei. Se realmente se interessa, posso
contar-lhe minha história durante o jantar.”
E começa a magia. Voltamos no tempo e às glórias que o
lugar conheceu, com seus hóspedes de uma elite endinheirada, que desfilava pelos
tapetes vermelhos e se reunia para beber champagne e ouvir as histórias de M.
Gustave, que cortejava as ricas, idosas e louras hóspedes do seu
hotel.
Quando Mme D. (Tilda Swinton) morre e deixa um
testamento (ou mais de um), M. Gustave e o novo “lobby-boy” Zero (Tony
Revolone), vão ao encontro de uma aventura fantástica, com toques de humor negro
e referências sombrias à Segunda Guerra Mundial.
E um elenco de nomes estrelados aparece na tela,
mostrando o prestígio do diretor Wes Anderson. Todos querem participar nos
filmes dele, nem que seja em pequenas pontas.
É uma lista de estrelas que você reconhecerá: Willem
Dafoe, Adrien Brody, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Bill Murray, Edward Norton,
Saoirse Ronan (a suave Agatha), Mathieu Amalric, Léa Seydoux e mais
alguns.
Stefan Zweig (1881-1942) é explicitamente homenageado
pelo diretor, que declara ter-se inspirado nas obras do escritor, austríaco e
judeu, que fugiu da Europa nazista em 1940 e veio para o Brasil, onde, depois de
um pacto suicida com sua mulher, colocou um ponto final em suas
vidas.
Wes Anderson, 38 anos, particular e único, faz de “O
Grande Hotel Budapest” mais uma delícia para aqueles que já são fãs e claro que
vai recrutar outros, que ainda não o conhecem, para a legião de admiradores de
seu universo próprio, um público que esse excêntrico e jovem diretor seduz cada
vez mais.
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