Direção: Hirokazu Kore-Eda
Tudo parecia tão perfeitamente em ordem naquela jovem
família de classe média alta vivendo numa cidade japonesa, que não se espera o
que virá.
O pai Ryota (Masaharu Fukuyama), arquiteto de sucesso,
trabalha em um escritório famoso, onde fez uma carreira rápida e brilhante.
Ganha muito bem, é dedicado e muito ambicioso.
Por causa disso, o tempo para a família é escasso. Chega
sempre tarde em casa e já está na hora de seu único filho, Keita (Keita
Ninomiya) de 6 anos, estar na cama. Estranhamente, essa falta de convivência não
parece incomodar nenhum dos dois.
A mãe, Midori (Machiko Ono), adora o filho que ela cerca
de carinho. Keita é um menino bonzinho, afetuoso e não dá trabalho nem em casa,
nem na escola.
Se há alguma nota dissonante, pode-se dizer que o fato
da criança ser tão comportada, parece desagradar um pouco o pai, que acha que os
mimos da mãe não o preparam para uma vida competitiva no
futuro.
O diretor Kore-Eda, que assinou o sensível “Ninguém Pode
Saber” 2004, vai mexer aqui com uma situação delicada e vai trazer à tona
sentimentos em conflito.
Eis que um exame de sangue de rotina, quando da admissão
de Keita numa escola tradicional, revela algo que não se
esperava.
A notícia chega como uma bomba: houvera uma troca de
bebês. Keita não é filho de Ryota e Midori.
E o hospital onde o menino nascera, no interior, perto
da casa da mãe dela, porque Midori precisava de alguém para ajudá-la, não
podendo contar com o marido, reconhece o erro.
Depois do choque inicial, vemos a consternação dos pais
e a complicada questão da culpa.
Mas, providências precisam ser
tomadas.
Encontros com os representantes do hospital, médicos e
psicólogos, levam as duas famílias a fazer contato.
E uma frase do pai de Keita espanta
Midori:
“- Agora está tudo explicado!”
“Pais e Filhos” é um filme bem feito, com um roteiro
envolvente e ótimos atores que conquistam a plateia com o drama dos meninos
trocados.
A questão central e que não tem uma resposta simples, ao
contrário, coloca ainda mais perguntas, é o dilema do sangue versus a
convivência.
Ou seja, o que é mais importante para uma
criança?
Estar com aqueles que a criaram e amaram desde o
nascimento ou mudar para a família que tem o mesmo sangue que o
seu?
O que é mais importante para os
pais?
Trazer para casa o sangue de seu sangue e perder para
sempre aquele que era o filho amado?
“Pais e Filhos” traz para a nossa reflexão um dilema
difícil de ser resolvido.
Quando o filme passou em Cannes e ganhou o Grande Prêmio
do Júri, Steven Spielberg, que era o presidente, comprou os direitos do filme
para uma refilmagem.
Vai ser interessante comparar as duas
versões.
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