quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O Verão do Skylab



“O Verão do Skylab”- “ Le Skylab”, França 2012
Direção: Julie Delpy

Tudo começa numa viagem de trem. Albertine, o marido e os filhos não conseguem se sentar juntos porque ninguém quer ceder seu lugar:
“- Pessoas más...”, diz Albertine.
E, sentando em seu lugar, entre zangada e cansada, ela começa a se lembrar das férias da infância, em Saint-Malo.
E somos transportados, aos onze anos dela (Lou Alvarez excelente), ao verão de 1979, que ficou em sua memória como aquele em que sua mãe (Julie Delpy, a diretora e roteirista) tinha certeza de que o Skylab, um satélite americano fora de controle, iria cair na Bretanha, onde ficava a casa da avó deles.
Mamie  (Bernadette Lafont) faz 67 anos e a família inteira, tios, tias e primos de todas as idades se reúnem para comemorar. As crianças ficam dormindo em barracas no jardim, menos Albertine por causa do medo de sua mãe de que o Skylab caia justo em sua cabeça, e os adultos na casa.
Nas refeições, a família, dividida em duas mesas, adultos e crianças separados, vão comer o carneiro que o tio matou e vai preparar para o churrasco. Todas as crianças vão espiar a carcaça sem cabeça pendurada no galpão.
Ironicamente, toda essa função é observada pelo pequeno rebanho que pasta e bale junto à casa.
Estamos no princípio da era onde tudo é comprado no supermercado, já embalado e sem semelhança com nada vivo.
Outra coisa que mostra que os tempos mudaram, é a observação de Albertine sobre a idade da avó:
“- Você faz 67 anos? Está velha mesmo.”
A praia de nudistas, ao lado daquela que a família frequenta, levanta a curiosidade e a malícia de quase todos.
A política divide as opiniões e a possibilidade de Mitterrand ganhar as eleições, é motivo para se pensar em deixar o país. Não os pais de Albertine, de esquerda e liberais, mas os tios de direita.
Porém entendam, são brigas em família, que não levam a nada grave. Todo mundo se entende e até protegem as maluquices do tio Hubert (Albert Delpy, pai da diretora) e compreendem o tio Roger (Dénis Manochet) que lutou na guerra da Argélia e não se acostuma com os tempos de paz.
Quarto filme dirigido por Julie Delpy, “O Verão do Skylab” é terno com a família de Albertine e pronto a ser compreendido por todos que viveram aquela época e mesmo os que não viveram, porque as famílias felizes são sempre iguais, as infelizes é que são diferentes, já dizia o grande Tolstoi.
Todo mundo sai feliz do cinema com o filme. Julie Delpy é uma diretora que consegue recuperar, com graça e naturalidade, a ternura das relações humanas.

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