Direção: Pablo Giorgelli
Um caminhão na estrada leva embora o bosque de acácias
que antes brilhava ao sol. Os machados e as serras elétricas derrubaram tudo.
Uma beleza perdida.
O que será que aconteceu com esse caminhoneiro da carga
de acácias que tem um semblante tão fechado?
Mas não sabemos nada sobre ele.
E quer o seu destino que, daquela vez, a viagem do
Paraguai a Buenos Aires, vai ser diferente. Ele não vai sozinho. Uma carona é
imposta e ele não tem outro remédio senão aceitar
calado.
E o já sombrio caminhoneiro não disfarça o mau humor com
a presença da jovem mãe e ainda por cima, uma bebê de meses, dividindo o espaço
estreito da cabina do caminhão.
Clima emocional seco, quase sem palavras, só olhares de
soslaio, naquele diálogo mudo dos dois.
Ao longo do caminho, entretanto, algo muito tímido vai
começando a acontecer naquela boleia de caminhão.
Uma aproximação entre dois seres solitários e
maltratados pela vida é possível?
Uma nota de esperança envolve o espectador quando sai do
cinema.
Pablo Giorgelli, diretor argentino de primeira viagem,
já mostra em “As Acácias” que sabe fazer cinema e emocionar, sem nenhum apelo a
músicas melosas (o filme não tem trilha sonora, só ruídos ambientais) ou
diálogos com confissões e pedidos de empatia.
O diretor também não se apressa em contar a história. O
tempo em “As Acácias” não é demais nem de menos. Tempo justo.
Feito de pequenos nadas, som ambiente, “closes” nos
rostos dos personagens e poucas palavras trocadas, o filme faz o espectador se
interessar por Rúben (Germano De Silva) e Jacinta (Hebe Duarte), acompanhando
num suspense incomodado, o decorrer daquela viagem.
Um roteiro original, minimalista, vence aos poucos a
barreira da falta de comunicação entre os personagens e entre o filme e a
plateia. E emociona.
Não é à toa que Pablo Giorgelli ganhou a Câmara de Ouro,
como melhor diretor, no Festival de Cannes e vem acumulando outros prêmios por
onde passa.
Merecido.
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