Direção: Salvador Calvo
Adu é um menino negro de 6 anos, franzino, grandes olhos
expressivos que, com sua irmã mais velha Ali, ouvem tiros na floresta e vão de
bicicleta ver o que está acontecendo. Arrastam-se no solo para não ser
vistos e, com pesar, descobrem um elefante enorme morto com um homem serrando
suas presas de marfim. As crianças conhecem Kimba pelo nome e sabem que ele era
o animal mais importante da Reserva em Camarões.
Chegam os vigias e Gonzalo, o homem dono da ONG que pretende
defender os elefantes dos caçadores ilegais. Tarde demais.
Amedrontadas, as crianças saem correndo e deixam suas
bicicletas. Erro fatal. Porque a partir daí serão procurados pelos homens que
temem as testemunhas da matança que poderão denunciá-los.
À noite entram na casa pobre sobre palafitas atrás das
crianças que conseguem escapar nadando. Planejam sair dalí e ir para a Espanha.
Como? Não sabem.
Dia claro, Gonzalo vai buscar sua filha Sandra no aeroporto.
Cruza cm as crianças, que poderiam ser suas testemunhas, mas sua mente está
preocupada com a chegada da filha que tem problemas com drogas.
Ao norte, na fronteira entre a União Europeia e o Marrocos,
aconteceu uma morte à noite, quando imigrantes esfarrapados e famintos,
tentavam escalar a grade que fecha a fronteira. Num acidente, um homem cai do
outro lado e um policial bate nele. Outro policial, Mateo, tenta massagem no
coração mas o homem morre. Vai haver sindicâncias e processo.
Essas três histórias irão se entrelaçar. Em todas há um
apelo de ajuda e compaixão.
Adu é como se fosse a imagem da África. Nele o instinto de
sobrevivência é muito forte. Escapa por um triz de situações difíceis e
consegue ajuda e amizade de Massar (Adam Nourou), outro adolescente que fugiu
aos maus tratos na Somália.
Gonzalo (Luis Tosar) e Sandra (Anna Castillo) vão ter que
entender que ninguém consegue obrigar alguém a mudar seu jeito de viver, a não
ser com ajuda amorosa. Pai e filha vão se confrontar.
E os policiais que respondem a processo pela morte do
imigrante são os que vão resgatar Adu de uma quase morte.
O diretor espanhol Salvador Calvo conduz bem o ritmo do
filme inspirado em histórias verdadeiras que ouviu quando rodava seu longa
“1898-Los Ultimos Filipinos”. Mas quem mais surpreende é o pequeno Moustapha Oumarou,
com a naturalidade de sua interpretação. Ele comove só com o olhar.
“Adu” mostra a África relegada, posta de lado. Um belo
continente com populações que sofrem com miséria e doenças. É a África
escondida que ninguém vê quando vai a safaris fotográficos mas que precisa ser
mostrada para que haja alguma solução para tanto sofrimento.
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