domingo, 16 de agosto de 2020

A Prima Sofia



“A Prima Sofia” – “Une Fille Facile”, França, 2019
Direção: Rebecca Zlotowiski

Uma pequena praia de seixos brancos, entre rochas altas e um mar esmeralda, convida aos prazeres do verão. Um corpo que nada, entra nesse belo retrato.
Na tela um dito de Pascal: “ A coisa mais importante da vida é descobrir sua vocação, embora isso dependa também do acaso”. Nada explícito mas vem a calhar nesse filme que mostrará uma escolha de vida. Veremos como depende da pessoa mas também do meio onde vive.
Voltando à primeira cena, um corpo feminino perfeito, emerge da água e se entrega ao sol na região em que o mar encontra as pedrinhas da praia. Ela usa só a parte de baixo do biquíni verde. A sereia é Sofia ( Zahia Dehar) que veio passar um tempo em Cannes com a prima Naima (Mina Farid).
É também o primeiro dia das férias e os alunos saem animados, comentando seus planos de verão. Naima faz 16 anos e seus amigos trouxeram um bolo com velinhas e cantam parabéns para ela. Dentro de um envelope um dinheirinho como presente de Dodo, seu melhor amigo.
Naima entra no apartamento pequeno onde mora com a mãe, chamando por Sofia, que ela não via desde que a outra mudara para Paris.
“Ela mudou bastante” pensa Naima, que observa as roupas e o rosto plastificado da prima, fascinada com a tatuagem bem acima do belo traseiro: “Carpe Diem”.
“- Significa que você tem que aproveitar o presente, aproveitar cada dia porque o futuro ninguém conhece” explica Sofia que acrescenta que o amor não a interessa. “- Quero viver a noite e seus prazeres. ”
E como Naima tinha se encantado com uma bolsa Chanel de Sofia, ganha uma igualzinha.
“- Estou chocada com os 4.000 euros que você gastou comigo... “
E lá vão as duas para o porto onde estão os belos iates e os rapazes.
Dia seguinte estão na praia lendo conselhos de tratamento para o cabelo numa revista, quando um belo iate branco se aproxima da praia e um homem moreno troca longos olhares com Sofia.
À noite vão se conhecer e Naima vai observar um outro lado da vida que Sofia escolheu.
A mãe de Naima trabalha num hotel e se preocupa com a influência sobre a filha:
“- Você acha que Sofia é livre? A liberdade vem do trabalho. Sofia escolheu um trabalho duro... Mas quero que você aproveite as férias e depois faça o estágio com o “chef” do hotel. ”
A diretora e roteirista Rebecca Zlotowski não fala em prostituição. Sofia, a sereia bela, gosta do que faz e não se entrega ao amor mas ao sexo, com o qual domina os homens que a olham com desejo quando ela passa. É sua escolha.
Naima a observa e também faz sua escolha.
As atrizes são excelentes, assim como os amigos do iate branco, Nuno Lopes que faz o milionário brasileiro que lida com arte e Benoit Magimel, seu braço direito, que ajuda Naima a pensar sobre a vida.
O filme é um conto moral mas sem julgamentos nem condenações. Não se aponta ninguém com o dedo do certo e do errado. Cada um que viva suas escolhas e as consequências que virão.


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