Direção:
Karen Shakhnazarov
A novela
“Anna Karenina” de Leon Tolstoi, um dos maiores escritores russos, foi
publicada em fascículos de 1873 a 1877 no jornal “The Russian Messenger”, até
ser lançada como livro em 1877.
A personagem
principal, uma mulher casada da alta sociedade, vive o tema da infidelidade
conjugal, um amor proibido, sem medir as consequências. Vai pagar um alto preço
por isso.
Estamos na
Rússia czarista e a religião e as regras não escritas regem o comportamento das
pessoas.
A mesma
história do romance de Tolstoi vai ser contada nesse filme russo atual mas com
uma inovação. Vamos ouvir e ver em “flashbacks” o que aconteceu, levados pela
memória do Conde Alexei Vronsky (Max Matveev), 30 anos depois do acontecido e a
pedido do médico Sergei Karenini (Kirill Grebenchikov), filho de Anna, que só
sabe de coisas ruins a respeito de sua mãe.
O filme
começa em 1904, na Manchúria, onde o exército russo enfrenta o japonês.
O Conde
Vronsky ferido, recebe a visita de Sergei, que conhecera criança, e que pede a
ele que fale sobre sua mãe. Quer saber sobre ela pela boca do homem que a amou.
Como viveu com o pai Karenin (Vitaly Kishchenko), sem nenhum contato com a mãe,
o filho a vê sob a luz dos sentimentos daquele que foi abandonado e enganado e
negou-se a dar o divórcio.
“- Eu
costumava odiá-la. Tudo que ouvi dela foi de pessoas que a odiaram. Nunca
entendi por que fez aquilo. Uma morte tão horrível? ”
“- Como sabe
que vou dizer a verdade? No amor não existe verdade...” responde o Conde.
“- Conte-me
a sua verdade. ”
E vamos
escutar a história daquele amor fatal entre uma bela mulher, casada e com um
filho pequeno e um aristocrata másculo, bonito e rico. Anna e Alexei vão viver
uma paixão tumultuada em cenários suntuosos, cercados de luxo e beleza, em
palácios ornados de belos mármores, estátuas majestosas e afrescos gigantescos
como os que adornavam a biblioteca da casa de Karenin, marido de Anna, em Saint
Petersburgo.
Ela, morena,
pele muito branca, olhos azuis e covinhas quando abre seu sorriso sedutor. Tem
um corpo esguio e flexível e se veste com elegância e bom gosto, em sedas e
rendas preciosas, peles, veludos em azuis, verdes e tons de vermelho que
realçam sua figura sensual. O rosto encantador muitas vezes é coberto com um
véu de renda. Anna Karenina é misteriosa e adorável, como a descreve o Conde
quando a viu pela primeira vez, em 1871.
Na cena do
baile, inesquecível, os dois dançam a valsa, embevecidos ambos, seguindo a
coreografia e se destacando dos demais, escandalizando aquela sociedade
machista, pudica e maldizente. Como ousa uma mulher casada se entregar a tal
desfrute?
Anna ama
essa embriaguez da paixão. E não hesita em entrar em choque com preconceitos.
Antes, parece ávida para viver a vida num rodopio.
Mas é quase
como se o Conde Vronsky servisse de pretexto para o desencadeamento de pulsões
autodestrutivas em Anna. Um lado escuro aflora naquela mulher intensa, que a
levará a seu fim trágico.
Nunca
ninguém saberá o que a levou àquele surto insano?
Misteriosa e
adorável, ela permanecerá para sempre um enigma? Ou talvez seria o exemplo de
uma insatisfação perniciosa, numa personalidade frágil, afogada em culpas?
O filme
russo é intenso e envolvente, com belas cenas nos palácios e no teatro, nas
corridas de cavalo e nas ruas da cidade com carruagens levadas por cavalos em
galope, filmados em câmera lenta.
Um filme
original, já que conta a história conhecida de outro ponto de vista, com
imagens belíssimas e atuações comoventes.
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