quarta-feira, 13 de junho de 2018

Anna Karenina - A História de Vronsky



“Anna Karenina - A História de Vronsky”- “Anna Karenina - Istoriya Vronskogo”, Rússia, 2017
Direção: Karen Shakhnazarov

A novela “Anna Karenina” de Leon Tolstoi, um dos maiores escritores russos, foi publicada em fascículos de 1873 a 1877 no jornal “The Russian Messenger”, até ser lançada como livro em 1877.
A personagem principal, uma mulher casada da alta sociedade, vive o tema da infidelidade conjugal, um amor proibido, sem medir as consequências. Vai pagar um alto preço por isso.
Estamos na Rússia czarista e a religião e as regras não escritas regem o comportamento das pessoas.
A mesma história do romance de Tolstoi vai ser contada nesse filme russo atual mas com uma inovação. Vamos ouvir e ver em “flashbacks” o que aconteceu, levados pela memória do Conde Alexei Vronsky (Max Matveev), 30 anos depois do acontecido e a pedido do médico Sergei Karenini (Kirill Grebenchikov), filho de Anna, que só sabe de coisas ruins a respeito de sua mãe.
O filme começa em 1904, na Manchúria, onde o exército russo enfrenta o japonês.
O Conde Vronsky ferido, recebe a visita de Sergei, que conhecera criança, e que pede a ele que fale sobre sua mãe. Quer saber sobre ela pela boca do homem que a amou. Como viveu com o pai Karenin (Vitaly Kishchenko), sem nenhum contato com a mãe, o filho a vê sob a luz dos sentimentos daquele que foi abandonado e enganado e negou-se a dar o divórcio.
“- Eu costumava odiá-la. Tudo que ouvi dela foi de pessoas que a odiaram. Nunca entendi por que fez aquilo. Uma morte tão horrível? ”
“- Como sabe que vou dizer a verdade? No amor não existe verdade...” responde o Conde.
“- Conte-me a sua verdade. ”
E vamos escutar a história daquele amor fatal entre uma bela mulher, casada e com um filho pequeno e um aristocrata másculo, bonito e rico. Anna e Alexei vão viver uma paixão tumultuada em cenários suntuosos, cercados de luxo e beleza, em palácios ornados de belos mármores, estátuas majestosas e afrescos gigantescos como os que adornavam a biblioteca da casa de Karenin, marido de Anna, em Saint Petersburgo.
Ela, morena, pele muito branca, olhos azuis e covinhas quando abre seu sorriso sedutor. Tem um corpo esguio e flexível e se veste com elegância e bom gosto, em sedas e rendas preciosas, peles, veludos em azuis, verdes e tons de vermelho que realçam sua figura sensual. O rosto encantador muitas vezes é coberto com um véu de renda. Anna Karenina é misteriosa e adorável, como a descreve o Conde quando a viu pela primeira vez, em 1871.
Na cena do baile, inesquecível, os dois dançam a valsa, embevecidos ambos, seguindo a coreografia e se destacando dos demais, escandalizando aquela sociedade machista, pudica e maldizente. Como ousa uma mulher casada se entregar a tal desfrute?
Anna ama essa embriaguez da paixão. E não hesita em entrar em choque com preconceitos. Antes, parece ávida para viver a vida num rodopio.
Mas é quase como se o Conde Vronsky servisse de pretexto para o desencadeamento de pulsões autodestrutivas em Anna. Um lado escuro aflora naquela mulher intensa, que a levará a seu fim trágico.
Nunca ninguém saberá o que a levou àquele surto insano?
Misteriosa e adorável, ela permanecerá para sempre um enigma? Ou talvez seria o exemplo de uma insatisfação perniciosa, numa personalidade frágil, afogada em culpas?
O filme russo é intenso e envolvente, com belas cenas nos palácios e no teatro, nas corridas de cavalo e nas ruas da cidade com carruagens levadas por cavalos em galope, filmados em câmera lenta.
Um filme original, já que conta a história conhecida de outro ponto de vista, com imagens belíssimas e atuações comoventes.


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