quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Whiplash - Em busca da Perfeição



“Whiplash – Em Busca da Perfeição” – “Whiplash”, Estados Unidos, 2014
Direção: Damian Chazelle

Não existe carrasco se não houver alguém para ser a vítima. Esses dois fazem uma parceria intensa e doentia, que gratifica a ambos, ainda que não seja fácil entender o porquê. Mas, não podemos esquecer, que a mente humana, às vezes, trilha caminhos escuros.
“Whiplash” é o titulo de uma música e significa chicotada. Andrew (o ótimo Miles Teller) apanha na cara. E, quem bate nele e xinga de todos os nomes os músicos de uma orquestra da escola, é o professor Fletcher (J. K. Simmons, de dar medo).
Ele só aceita músicos perfeitos. Exige foco, concentração, dedicação e afinação. E sua melhor arma para conseguir tudo isso é a ameaça, a crueldade verbal. Isso quando não joga um aluno contra o outro.
Temido e odiado, Fletcher também é respeitado pelos alunos, como alguém de quem eles precisam, como de um remédio amargo para ficar no ponto.
E todos os estudantes da Shaffer, melhor escola de música do país, mas principalmente Andrew, o baterista, querem chegar lá. No topo. E acreditam na mágica agressiva da vara do professor Fletcher para alcançar o sucesso e vão na onda da humilhação que ele comanda. O perigo é o jogo instável do par sado-masoquista, que sempre tem seu dia de virada. É quando a vítima torna-se o pior carrasco que alguém pode imaginar.
Há algo não percebido de uma busca equivocada de potência sexual em tudo isso.
E a pergunta é: será que o método cruel do professor Fletcher é realmente o caminho para alguém tornar-se brilhante?
“Whiplash” ilustra com arte e rigor um relacionamento onde um manda e o outro obedece. Com seus frios tons esverdeados, salpicados de vermelho sangue, encena a luta sem fim, o embate do que pode e do que pensa que ainda não pode. Até poder.
O filme brilha com a interpretação monumental de J. K. Simmons, que ganhou todos os prêmios de ator coadjuvante até agora. Só falta o Oscar.
Damian Chazelle, 30 anos, jovem diretor e roteirista, viu seu filme ser indicado para 5 Oscars, inclusive o de melhor filme e roteiro adaptado.
Parece que ele se inspirou em sua própria juventude, como estudante de bateria, para escrever essa história. Mas, acrescenta ele numa entrevista, seu professor temido não é o de pesadelo que ele colocou em “Whiplash”. Era só um perfeccionista que deixava suas mãos ensanguentadas, conta Chazelle.
Seja ou não um exorcismo, o diretor aprendeu uma lição de vida. E colocou-a em prática, buscando a perfeição em seu filme. Pelo visto, conseguiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário