Direção: Martin Scorsese
Onipotência, megalomania e ganância são
uma combinação perigosa. Quando a esse estado de alma é acrescentado o uso
indiscriminado de drogas pesadas, temos uma situação explosiva. Não há nenhuma
possibilidade que algo dê certo, para ninguém, nunca.
“O Lobo de Wall Street” conta uma
história real, acontecida no fim dos anos 80 e 90, relatada nas memórias de
Jordan Belfort, interpretado com loucura, testosterona e talento por um Leonardo
DiCaprio, que se entrega ao papel de uma forma total. Dá até medo presenciar
essa incorporação de um gênio do mal.
Tudo começa com um garoto entusiasmado
entrando para uma corretora pelas mãos de um louquíssimo “broker”, na pele do
maravilhoso Mattew McConaughey, que aproveita a ponta para mostrar o ótimo ator
que ele é.
Os olhos do rapaz brilham. Ele chegou
ao mundo com que sonhava. Mal sabe ele que haverá uma “Black Monday” e que ele
vai ter que procurar outro emprego. Essa vai ser a sua
perdição.
O talento que Jordan possuía como
vendedor,vai fazer com que ele convença gente pouco cultivada e, mesmo seus
clientes mais ricos, a investir no que chamaram de “penny-stock”, isto é, ações
baratas que não rendiam nada, a não ser as comissões de 50% para o
corretor.
Muito dinheiro entra a rodo na vida de
Jordan e seus colegas, tão toscos como ele. Mansões, iates, roupas caras e
mulheres atraentes era tudo que eles queriam. E toneladas de cocaína e “qualuds”
para fazer com que se sentissem os donos do mundo. E sexo, muito
sexo.
A cena em que os dois amigos de
falcatruas e drogas, DiCaprio e Jonah Hill, passam uma noite em que os
comprimidos de “qualud” ingeridos, muitos, pareciam não fazer efeito, é hilária
e genial. Antológica.
Falta de educação, egos monstruosos,
nenhuma capacidade de perceber o que é certo e o que é errado, sem remorsos,
movidos a ingredientes que diminuem ainda mais o discernimento, esses homens
faziam o que faziam sem preocupação nenhuma de serem
desmascarados.
E Leonardo DiCaprio é tão convincente e
carismático que a gente se pega com pena dele quando o FBI, na pessoa do agente
incansável Patrick Denham (Kyle Chandler) faz esse castelo de areia
desmoronar.
Martin Scorsese, 71 anos, mostra do que
é capaz novamente. Ele cria um clima eletrizante que atordoa e mexe com nossos
sentidos como se fosse uma droga. O diretor faz do espectador um conhecedor do
que é o excesso. De tudo. E como faz mal.
Saímos exaustos do cinema. Mas
admirados com a força desse filme assinado por um gênio do
cinema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário