quinta-feira, 8 de março de 2012

W.E.



“W.E. “ – Idem,Inglaterra, 2011

Direção: Madonna



Escandalosa e provocativa, ela é a “Rainha Pop”. O que quer que faça, chama a atenção de todo mundo sobre ela.

Mas Madona sempre quer mais. Quem a viu, mesmo que só em fotos, no show que deu no intervalo do último “Superbowl” americano, ficou de queixo caído frente a essa mulher, de 53 anos, que hipnotiza platéias de milhões de pessoas.

Não contente em cantar, compor, dançar, atuar, escrever livros infantis, produzir shows, ser empresária, ter vendido mais de 300 milhões de discos até agora e ser mãe de cinco filhos (dois adotados), ela quer ser cineasta.

O primeiro filme dela nem passou no Brasil mas o segundo tem chance de agradar ao público, apesar de algumas críticas negativas no Festival de Veneza do ano passado.

A menina Madonna Louise Ciccone, que perdeu muito cedo a mãe e que sempre viveu finais infelizes em seus relacionamentos amorosos, parece querer refletir sobre isso em seu novo filme “W.E.”, em cartaz em São Paulo.

O filme conta a história de duas americanas. Uma, que mora em New York no fim do século XX e que sofre em seu casamento, tem o mesmo nome da outra, que morreu em 1986 em Paris e que foi protagonista do que ficou sendo conhecido como “o romance do século”.

Para escapar das agruras de seu casamento infeliz com um psiquiatra famoso, frio e infiel (Oscar Isaacs), a Wallis de New York (Abbie Cornish), visita todos os dias a exposição da Sotheby’s com os objetos que serão leiloados e que pertenceram ao duque e à duquesa de Windsor.

E fantasia sobre a vida da outra Wallis, que tem o mesmo nome que ela porque sua avó e sua mãe eram fãs de Wallis Simpson (Andrea Riseborough). Americana e divorciada do segundo marido, ela viveu uma das mais famosas histórias de amor do século XX com o rei Edward VIII (James Darcy). O par aparece na tela em cenas sonhadas por Wally, que devaneia na exposição e na vida, e em alguns trechos de filmes de época.

Madonna disse um dia que tudo que ela faz é autobiográfico porque ela não conhece ninguém tão bem como a si mesma. Ora, ela co-escreveu o roteiro de “W.E.”. É possível que haja uma identificação da diretora com Wallis Simpson, uma americana chic, inteligente, provocadora, boa dançarina mas que teve uma vida difícil?

“W.E.” são as iniciais de Wallis e Edward. Numa cena, que a Wallis de New York repete, Wallis Simpson, magérrima, muito branca e boca bem vermelha, escreve W.E. no espelho de sua penteadeira, antes que a história toda acontecesse. Ela sonhava com isso. Pena pensar que muitos sonhos se transformem em pesadelo...

A edição de arte do filme é luxuosa e os figurinos de época habilidosamente revistos para que a sensualidade de Wallis Simpson fique em evidência, apesar dela nunca ter sido bonita.

“- A vida não é um conto de fadas”, diz Wallis Simpson à Wally de New York em um sonho desta. E, podemos acrescentar, a felicidade não existe o tempo todo na vida de ninguém.

“- Quando há expectativas demais, há desapontamento”, Wally diz, lembrando de uma frase que ouviu. Pois é, e não é o fim do mundo, porque devemos todos aprender a lidar com desapontamentos e frustrações.

Já que a felicidade eterna só existe como uma ilusão, vamos baixar as nossas expectativas para evitar grandes desilusões, parece aconselhar Madonna em seu filme.

Afinal, nem todo príncipe faz da mulher dele uma princesa. Que dirá uma “rainha”...



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