“Millenium: A Garota na Teia de Aranha” – “The Girl in The
Spider Web”, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Suécia, Canadá, 2018
Direção: Fede Alvarez
Lizbeth Salander, a heroína sueca “punk” dos livros de Stieg
Larsson, mudou. Ela foi recriada por David Lagercrantz, autor também sueco do
quarto livro que continua a trilogia do primeiro, falecido precocemente aos 50
anos. E a vemos no novo filme dirigido por Fede Alvarez, na pele de Claire Foy,
a estrela da série “The Crown”, que mostra também seu talento no filme em
cartaz, “O Primeiro Homem”.
Agora, Lizbeth é mais antenada em tecnologia, usa roupas
pretas coladas no corpo, o cabelo é curto mas sem o corte “apache”, continua
bissexual mas sem cenas de sexo no filme e os “piercings” são discretos.
Não é tão reclusa e é mais atuante nas causas feministas,
ajudando mulheres a se livrar de machistas abusivos, que são chantageados para
tomar jeito.
Aqui há um elo importante com o seu passado e o pai perverso
aparece em cenas na casa da família, com Lizbeth e Camilla, a irmã que fica
sózinha com o pai por 16 anos, traumatizada ao extremo. Por que Lizbeth não
voltou para ajudá-la?
Vestida de vermelho, loura e vingativa, Camilla (Sylvia
Hoeks) é o contraponto de Lizbeth, morena, vestida de preto e aparentando
fragilidade.
A trama envolve um projeto chamado Firefall, criado por
Frans Balder (Stephen Mechant). Ele cedeu seu invento, que abre o acesso aos
códigos de todas as armas nucleares do mundo, aos americanos mas está arrependido.
Ele entra em contato com Lizbeth Salander para que ela roube
o projeto mas depois desacredita de sua honestidade, influenciado por uma
integrante corrupta da polícia sueca, que tem planos misteriosos.
Um agente da NSA americana (Lakeith Stanfield) percebe que o
dono do projeto está em Estocolmo e vai intervir no processo.
Balder, o dono do Fierfall tem um filho de uns 10 anos,
Gustav (Christopher Convery) que está com ele em Estocolmo. Ele ganha uma
partida de xadrez com Lizbeth e vai ser peça chave na história.
O filme do uruguaio Fede Alvarez tem um espírito diferente
dos anteriores que mostravam Noomi Rapace e Roney Mara como Lizbeth. No corpo
de Claire Foy a heroína é menos excêntrica e mais afetiva. Se bem que o ex
editor da revista Millenium, Mikael Blomkvist (Sverrir Guduason), que tinha uma
queda por Lizbeth e vice versa, não é mais o parceiro dela. Aqui ele é mais
apagado e quase dispensável na trama.
Além disso, o filme deixou de ser tão sueco, o que o fazia
diferente dos outros filmes de mistério e ação.
A melhor coisa do “Millenium: A Garota na Teia de Aranha” é
Claire Foy. Ela vai da moto Ducati ao Lamborghini mas demonstra mais seus
temores e mostra laivos de empatia. Continua terrível em seus sentimentos de
vingança e a cena final é wagneriana.
A heroína fica na nossa memória mas o filme de ação é
facilmente esquecível.
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