domingo, 6 de abril de 2014

Noé


“Noé” – “Noah”, Estados Unidos, 2013
Direção: Darren Aronofsky

A Biblia da tradição cristã ou aTorah dos judeus, é um livro, ou melhor, um conjunto de livros que contam histórias muito antigas sobre o homem.
Uma delas é a do patriarca Noé, no livro do Gênesis, que teria atendido a uma ordem do Criador: construir uma Arca que salvasse os inocentes, ou seja, todos os animais aos pares, ele e sua família, pois haveria uma destuição total da humanidade com a água, o dilúvio.
O Criador estava zangado com suas criaturas humanas que se desviaram da tarefa de cuidar da Criação, dada a Adão e Eva.
Essa história sempre fascinou Darren Aronofsky, 45 anos, que já nos deu “Requiem para um Sonho”2000, “A Fonte”2006, “O Lutador”2008 e “Cisne Negro”em 2010.
Ele precisou de tempo para realizar esse sonho de infância com “Noé”, superprodução que custou U$130 milhões.
Em cenas grandiosas, vemos o patriarca levar adiante o pedido do Senhor.
Ajudado pelos anjos caídos, os gigantes de pedra que vemos no filme, Noé construiu a Arca e, quando chegaram as águas mortais, salvou a quem o Senhor ordenara que salvasse. Uma fumaça, que envolvia os animais na Arca, fazia com que dormissem durante todo o dilúvio.
Mas, longe de ser uma criatura sem conflitos, vemos  Noé, interpretado por Russell Crowe, debater-se em sonhos e mesmo acordado, com essa missão que levaria à morte toda a humanidade.
Ao longo do cumprimento dessa tarefa cruel, vemos ele usar de sua força e convicção, mas também transformar-se num fanático e depois em um ser atormentado pela culpa.
A família de Noé, no filme, mostra a bela Naameh (Jennifer Connelly) e seus filhos Shem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman) e Jafeh, além da filha adotiva de quem salvou a vida, Ila (Emma Watson). Eles ajudam Noé a cumprir sua promessa ao Senhor mas estranham quando ele assume o papel trágico de destruidor da humanidade. Assim Noé entendera a ordem do Senhor, que lhe falava em sonhos, por imagens.
Na tradição judáica, os estudiosos da Torah preenchem as lacunas das histórias com explicações mais detalhadas. São as “midrash”. O diretor Darren Aronofsky, judeu não religioso, valeu-se dessa tradição e incluiu na história de Noé alguns pontos que não estão no Gênesis, que traz uma narrativa curta sobre o dilúvio.
Por exemplo, o diretor criou para Noé uma família vegana, que não comia carne de nenhuma espécie e mostra o personagem como o primeiro defensor do meio ambiente.
Mas, em assim fazendo, também seguiu a tradição popular que dá muitas faces a Noé. Do velhinho bondoso das histórias infantís ao homem culpado que aparece em outras narrativas e no filme.
Russell Crowe disse em entrevista que o diretor Darren Aronovsky é um “ativista vegetariano” e que ele ama os animais. E acrescenta:
“Acredito que a forma como olhamos os bichos explica a nossa sociedade. Se mudarmos o jeito com que os tratamos, mudaremos também o modo como nos relacionamos."
E essas posições, defendidas por muitos, mundo afora, faz de “Noé” um personagem contemporâneo.
Vá ver o filme e mergulhe nessas questões. Pense nelas porque são importantes.

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