Direção: Ridley Scott
Um cenário de pesadelo mais do que de sonho... Uma nave imensa sobrevoa o lugar. Que planeta estranho é esse?
Uma figura com manto e capuz, aproxima-se da grande cascata de águas negras e revoltas que se lança com fúria no abismo. Seu rosto branco e inexpressivo lembra o de uma estátua grega. O corpo enorme mostra músculos bem torneados mas ele não é feito de carne e osso.
A nave em forma de disco se inclina e sobe.
A figura estatuesca bebe uma espécie de geleia e começa a desintegrar-se. Entramos com a câmara em seu corpo e vemos células brilharem. O corpo cai nas águas escuras. Mergulhamos com ele.
Lá no fundo, uma estranha forma vermelha pulsa e brilha. Dentro ou fora da carcaça?
Assim começa “Prometheus”, o novo Ridley Scott que volta à ficção científica que o tornou famoso em 1979, com “Alien – O Oitavo Passageiro” e depois “Blade Runner” em 1982.
“Prometheus” é uma introdução a “Alien”?
Alguns pensam que sim, já que o filme se passa 30 anos antes em 2093. E mais, se vocês se lembrarem, a tripulação da nave “Nostromo” de “Alien”, encontra, no planeta em que pousam, uma nave com um piloto muito parecido com a figura do início de “Prometheus”, com um buraco no peito, de onde parece que algo saiu com violência. O “Space Jokey” como ficou conhecido.
Já “Prometheus” conta a história de uma nave que parte da Terra para um planeta distante, guiada pela teoria de dois cientistas, Elizabeth Shaw e Charlie Holloway (Noomi Rapace da versão sueca de “Millenium”e Logan Marshall-Green). Baseados em escavações arqueológicas de diferentes culturas e pesquisas de DNA, deparam com um mesmo enigma que eles querem decifrar: a raça humana teria sido criada por seres de outro planeta, que eles chamam de “Os Engenheiros”?
Essa expedição tem, portanto, perguntas filosóficas tão importantes quanto antigas: quem somos, de onde viemos, quem nos criou?
Outros temas que aparecem mas são pouco desenvolvidos, tornariam o filme mais claro porque seriam discutidas as motivações dos personagens que tripulam a nave, dando mais corpo e alma a eles. Aliás “Prometheus” peca por apresentar personagens dos quais sabemos muito pouco.
Charlize Theron, sempre uma presença marcante, faz a filha do investidor do projeto que chefia a expedição. Fria e sarcástica.
Na verdade, o filme tira o fôlego do espectador pela beleza das cenas filmadas em um 3D, que aqui é indispensável. Tudo é enorme e espantoso. A fotografia empolga. E esse é o ponto forte do filme.
Uma cena ficará na nossa lembrança pela força do seu encantamento e originalidade: a recriação holográfica do universo, quando o robô David aciona os controles da nave extra-terrestre, lembrando “a música das esferas” de que falava Pitágoras, ou seja, a ideia de que os astros, ao se moverem, gerariam sons.
O filósofo e matemático grego pensava que haveria uma música cósmica que nos abriria para novos graus de compreensão. “Os Engenheiros” usavam esse tipo de conhecimento?
Sabe-se que onde há luz há sombras, mas como entender as figuras titânicas dos dois filmes, que explodem de dentro para fora dando nascimento ao monstro que representa a morte e o mal? Ou isso precisa ser compreendido de outra maneira?
Noomi Rapace faz a mulher frágil/forte e muito feminina que vai continuar a busca da resposta ao enigma da criação da raça humana.
Numa alusão divertida à tenente Ripley, papel da atriz estreante na época, Sigourney Weaver, que em “Alien” leva com ela o gato ao abandonar a nave, em “Prometheus”, a dra Elizabeth leva com ela o robô David, interpretado por Michael Fassbender, ator esplêndido em tudo que faz. Ele é o personagem mais intrigante do filme e parece saber mais sobre “os Engenheiros” do que os outros tripulantes da nave.
Haverá continuação como aconteceu com “Alien”?
Aliás nenhuma delas foi dirigida por Ridley Scott e nunca chegaram aos pés da qualidade do primeiro filme dirigido pelo diretor inglês.
Ou o enigma da criação do homem pelos “Engenheiros” permanecerá para sempre um mistério?
Só Ridley Scott poderá responder a essa questão.
E, ao que sabemos, ele se prepara para rodar um filme sobre o personagem bíblico Moisés, quando ele ainda era um príncipe do Egito.
Paciência. E pensar que ele levou 30 anos para voltar à ficção científica depois de “Blade Runner”...
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