“Para Roma com Amor”- “To Rome with Love”, Estados Unidos/ Itália/ Espanha, 2012
Direção: Woody Allen
Em Roma, faça como os romanos, diz o ditado. Eu diria que Woody Allen sempre faz tudo do jeito dele, seja em Nova Iorque, São Francisco, Londres, Barcelona, Paris ou Roma.
Ele sabe o que dizer sobre a natureza humana, de uma forma pessoal, com uma graça irresistível. E, se Woody Allen é engraçado de um jeito que seus fãs adoram, talvez seja preciso ensinar a apreciar seu senso de humor sofisticado aos que ainda não o conhecem.
“Para Roma com Amor” recebeu críticas tanto elogiosas quanto azedas. Compreende-se. Depois de “Meia Noite em Paris” que agradou todo mundo, ganhou o Oscar de melhor roteiro e faturou U$151 milhões de dólares, os críticos querem mais do mesmo.
Mas Woody Allen surpreende sempre. E volta a filmar como ator, sendo ele mesmo, um homem de 76 anos, que mora em Nova Iorque e está sempre insatisfeito.
Ele faz um produtor de óperas aposentado, que não se conforma que a vida já tenha lhe oferecido o melhor e que inventa outros meios de se reassegurar de seu próprio valor. O tipo que ele criou dessa vez, brinca com a ideia de que todos somos geniais. Basta encontrar o ambiente certo.
Observar a natureza humana e compreender suas motivações é outra característica presente em filmes de Woody Allen. Em “Roma”, essa tarefa fica a cargo de Judy Davis que faz a psiquiatra casada com Woody Allen, que vive interpretando o marido e um arquiteto maduro (Alec Baldwin), que é uma espécie de “Grilo Falante” para um jovem arquiteto (Jesse Eisenberg) que se apaixona por uma garota (Ellen Page), que é atriz, amiga de sua mulher, narcisista ao extremo e especialista em frases recheadas de clichês.
Roberto Benigni, perseguido pelos “paparazzi”, é a celebridade do momento. O que ele fez para isso? Nada. Foi escolhido ao acaso. Incarna os famosos “15 minutos de fama” de que falava Andy Warhol, no fim do século passado.
Apreciador da beleza feminina, Woody Allen traz de novo às telas, Penélope Cruz, sua musa em “Vicky Cristina Barcelona”, que encanta em seu único vestido vermelho, decotado e curto, fazendo a prostituta com inteligência emocional acima da média.
Há outros personagens, todos caminhando pelas belezas de Roma, as praças com chafarizes e fontes, os muros antigos, ruínas de uma arquitetura milenar contrastando com o contemporâneo.
E sol, boa comida em mesas na calçada ou nos pátios e varandas das casas romanas e música. A trilha sonora de “Para Roma com Amor” vai de “Volare” e “Ciribiribin” a “Nessun Dorma”. Italianíssima!
E a gente sai leve do cinema, ainda se lembrando e rindo das passagens preferidas e torcendo para que, no ano que vem, Woody Allen apareça novamente em um filme que vamos adorar de novo. Ele é um mestre.
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