sábado, 7 de maio de 2011

Água para Elefantes




“Água para Elefantes”- “Water for Elephants”, Estados Unidos, 2011

Direção: Francis Lawrence





Antigamente, circos sempre davam um bom cenário para belas histórias no cinema. “O Maior Espetáculo da Terra”, 1952, dirigido por Cecil B. de Mille, ganhou o Oscar de melhor filme, com um triângulo amoroso de trapezistas. Ciúme e perigo, vôos fatais.

“Água para Elefantes” retoma esse cenário e o mesmo tema mas de uma forma mais sombria, tendo como pano de fundo o período da Grande Depressão nos Estados Unidos, nos anos 30.

A história é contada pelo protagonista, já muito velhinho (o maravilhoso Hall Halbrook), lúcido e nada desmemoriado.

Defrontado por acaso com uma foto de 1931, ele relembra aquilo que tinha sido a grande aventura de sua vida e também o mais famoso desastre da história dos circos.

“- O senhor estava lá no incêndio? “, pergunta um rapaz.

O velho se emociona e conta, num grande “flashback”, a sua vida no Circo dos Irmãos Benzini.

Tudo começa quando, durante seu último exame na Universidade de Cornell para se tornar veterinário, fica sabendo da morte de seus pais, poloneses imigrantes, num acidente de carro e ouve que não tem mais nada. A casa fora hipotecada para pagar seus estudos.

Desorientado, pega um trem em movimento e, sem querer vai parar no Circo Benzini.

Admira o trabalho dos homens que batem estacas fazendo a lona se abrir, majestosa. Animais selvagens em jaulas estreitas o sensibilizam. Ele acaricia a girafa.

De repente, Marlena aparece. De malha branca bordada e uma tiara brilhante na cabeça, examina preocupada o seu cavalo branco.

Jacob Jankowski, o veterinário(Robert Pattison) e a bela amazona(Reese Whiterspoon) se aproximam pelo amor que ambos tem pelos animais. Eles ainda não sabem mas formou-se o triângulo e surgiu o perigo.

August, dono do circo, (o sempre magnífico Christoph Waltz) é casado com Marlena e dirige homens e animais com mão de ferro e sem piedade. É perverso e covarde. Vai haver confronto.

Entretanto, o melhor do filme, para mim, é a presença enorme e mágica da elefanta Rosie, de 53 anos que é Tai na vida real. É através dela que os mais tocantes momentos do filme acontecem.

A gente se emociona quando sua tromba carinhosa enlaça o veterinário com delicadeza ou quando ela se deixa levar com graça por Marlena. Corta o coração do público quando, por causa do maldoso dono do circo, ela jaz por terra semi-morta. Mas nos aliviamos quando sobrevive para mostrar o que significa “memória de elefante”.

Ela é a estrela maior, sem sombra de dúvida.

O ex-vampiro Robert Pattison está cada vez mais bonito e se diz aliviado por poder representar, finalmente, um ser humano. Mas o casal não consegue passar encantamento. Reese Whiterspoon, com cabelos à Jean Harlow e muito magrinha, não faz a câmara se enamorar por ela.

O filme é bem cuidado e tem figurino, maquiagem e direção de arte impecáveis. A fotografia de Rodrigo Prieto, que já fez “Biutiful”, “Abraços Partidos”e “Babel”, cria um clima pesado e condizente com a direção que a história toma. E consegue beleza, apesar disso.

Adaptado do livro de 1996 da escritora canadense Sara Gruen, o filme “Água para Elefantes” estimula o espectador que gosta de ler a descobrir o texto original (Editora Aguadeiro).

Não é sempre que um filme consegue dar conta de um livro.

Mas “’Água para Elefantes” não vai decepcionar quem vai ao cinema para se distrair.

É bom que assim seja e que haja filmes para todo tipo de público.

12 comentários:

  1. Hahahaha... custei a acreditar, mas é mesmo nossa indômita blogueira em cima de um elefante. Tem alguma coisa que vc não fez, Eleonora?

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  2. Querida Sylvia,
    Foi o máximo esse passeio na India. E aprendi a respeitar esses animais aparentemente dóceis mas com os nervos à flor da pele. Imagina que um deles tinha acabado de pisotear e matar um dos condutores. Isso fez com que reduzissem pela metade as horas de trabalho desses elefantes.
    Qto à sua pergunta, ainda tem mt coisa que eu não fiz mas gostaria de fazer.Por exemplo, saltar de paraquedas!
    Me aguarde!
    Bjs

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  3. Isso é que é saber reinvindicar os direitos, hein?
    Não que eu aprove os meios... rsrsrs.
    Seu espírito de aventura me contagiou (no meu limite...rsrsrs) e eu comprei uma bicicleta e consegui andar.
    Eu andei mto de bicicleta até os 20 anos e depois nunca mais e tinha mto medo de não conseguir retomar o equilíbrio.
    Hj ia andar na ciclovia da orla da praia, mas choveu o dia inteiro.

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  4. Sylvia querida,
    Quer ouvir uma história engraçada? Eu não sei andar de bicicleta...Qdo eu era pequena, minha mãe não deixava. Qdo fui aprender com 18 anos, fui atropelada por um carro que me deixou toda roxa por um mês. Desisti da bicicleta para sempre!
    Mas divirta-se na sua!
    Bjs

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  5. A história não é engraçada, não.
    Levei um susto retroativo.
    Um beijo indômita amiga.

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  6. Amigos,
    Estou mortificada...Leiam o que recebi de uma protetora de animais que eu respeito muito:
    May 12, 2011

    Elephant Featured In "Water For Elephants" Abused During Training

    Recently released video shows shocking scenes of elephant abuse by the owner and a trainer at Have Trunk Will Travel, a company that hires out elephants for films, TV, print and rides. In the video, elephants are “trained” with electric shock devices and struck with steel bullhooks, and a baby elephant is cruelly hooked in the mouth.

    One of the abuse victims shown in the video is Tai, who screams after being shocked with a powerful hand-held electric device. She appears in the recently released film Water for Elephants, in which she undergoes a vicious staged “beating.” The public was repeatedly and falsely assured that Tai was never mistreated. Click here to read more, see the video, and send an e-mail to those involved in the production of Water for Elephants, urging them to never again participate in productions that use wild animals.

    Um horror. Quem quiser saber mais procure IDA,com o Google, a entidade que deu essa notícia no home deles. Escrevam protestando para a produção do filme. Vamos dizer não a essas barbaridades.
    E viva o "Cirque du Soleil" que só usa humanos talentosos!
    bjs

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  7. Amigos,

    O endereço da organização é:
    takeaction@idausa.org
    Lá vocês vão poder ver o filme que mostra essas barbaridades. Eu não consegui...

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  8. Oi Eleonora,
    Obrigada por postar o apelo da IDA e divulgar os maus-tratos sofridos por estes pobres animais que participaram do filme.
    Peço que seus amigos entrem no site da entidade e também protestem contra este crime.
    É muito importante que os produtores de filmes e de todas as produções artísticas saibam que as entidades protetoras dos animais estão atentas a este tipo de abuso.
    Muita coisa está mudando e hoje os animais tem mais voz e muito mais defensores também.
    Um beijo querida e beijos para meus afilhados também.
    Maria Augusta Toledo

    Para conhecer nosso trabalho acesse:

    http://anjosparaadocao.multiply.com/

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  9. Amigos,
    Por favor, acessem o site da IDA e protestem. Como diz a Maria Augusta aí em cima, os animais precisam das nossas vozes para defendê-los.
    Vamos denunciar as atrocidades que Tai sofreu para poder estrelar o filme e enriquecer seu cruel dono.
    Bjs

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  10. Olá Eleonora
    O filme começa e termina com a vida expressa no rosto do comovente ator Hal Holbrook.
    A partir do momento em que a lona é estendida, alí se instala um território próprio que pode estar em quaquer parte do mundo, com suas ruas e endereços certos. Forma-se uma grande família entre pessoas e animais simbióticamente.
    O premiado ator Cristoph Waltz(August) repete em alguns momentos o oficial nazista do filme "Inglorious Basterds"..Mesmo assim , um carismático ator. A atriz Reese Whiterspoon(Marlena) tem o physique da personagem mas falta-lhe uma sensibilidade de atriz maior. O que não acontece com promissor e belo ator Robert Pattinson(Jacob). Convincente.
    A magia do circo é vista através do olhar do espectador anestesiado pelo impacto dessa fantasia.
    Os integrantes dessa troupe são "outsiders" da vida real apesar dos turmoils por que passam lá dentro com seus códigos de comportamento e linguagem.
    No início parecia que os protagonistas estavam apaixonados pelo amor e não por eles mesmos. Mas ao final vence o amor mais puro com a ajuda "eficiente" e intuitiva da gorda linda e espaçosa Rosie. Maravilhosamente delicada.
    Adorei a imensidão do filme e a direção do Francis Lawrence.
    Bjos, Sonia Clara

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  11. É impressionante o que o ser humano é capaz de fazer! Refiro-me ao que li sobre os maus tratos sofridos por esses pobres animais, particularmente a elefanta Tai que com tanto esforço e sofrimento protagonizou e engordou o cofre do dono!
    Trata-se de uma atrocidade sem limite!
    É preciso denunciar esses abusos. Importante e solidária iniciativa Eleonora
    Sonia Clara

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  12. Sonia querida,
    Obrigada pelo comentário bem dimensionado e entusiasmado.
    Mas que baque a gente ficar sabendo do que se passa nos bastidores desse "circo"que é Hollywood. E qta desfaçatez. Explorar Tai, que é o gde personagem do filme, dessa forma torpe.
    Como disse a Maria Augusta, precisamos emprestar a nossa voz para defender esses inocentes habitantes do nosso planeta.
    Entrem todos no site da IDA e mandem seus e-mails de protesto.
    Bjs

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